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18/12/2015

Na ponta da economia, serviços devem sentir maior retração no próximo ano

De acordo com a pesquisa do IBGE, o segmento de outros serviços - que engloba a área financeira, plano de saúde, gestão de patrimônio imobiliário, serviços de reparação e outros - tiveram retração de 13,8% em outubro ante o mesmo período de 2014.

Vivian Ito

São Paulo - Com bruscas quedas mensais no segundo semestre de 2015, o índice de serviços mostra tendência de acentuar a retração no primeiro trimestre do ano que vem. Para retomar aos patamares positivos, será necessário que o segmento de produção industrial mostre sinais de recuperação em 2016.

Último elo da cadeia a ser cortado dentro do consumo das famílias e das empresas, o setor de serviços apresentou no mês de outubro queda de 5,8% no volume de trabalho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em setembro e agosto as quedas foram de 4,8% e 3,5%, respectivamente. As informações fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao mês de outubro.

"Isso mostra que a crise ainda está em processo", afirma o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, referindo-se à retração mês a mês do indicador. Para ele, os principais segmentos que mostraram queda estão relacionados diretamente à economia e à produção industrial. "Antes de se falar em recuperação, devemos esperar a retomada da economia."

Exemplos disso foram as quedas nos segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares (7,3%) e da área de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (6,7%). Na primeira, o impacto maior se deu nos subsegmento técnico-profissional (9,3%) - área mais exigida na indústria -, enquanto no segundo a queda foi mais forte no transporte terrestre (12,5%), com ênfase para o movimento de carga.

Apesar dos sinais negativos, quando a produção industrial retomar, estes serão os segmentos que irão mostrar recuperação mais rapidamente. "Quando voltar, a mão de obra qualificada, e de maior valor agregado, serão as primeiras a ser procuradas", aponta o economista do Iedi ao DCI.

Segundo ele, esse seria o fator que acionaria o setor como um todo. "Com as posições de maior valor salarial retomando, aos poucos, os outros segmentos de serviços também serão puxados", explicou o executivo ao ressaltar que, sem uma mostra de recuperação do cenário econômico do País, fica difícil prever um bom desempenho nos próximos anos. "O setor também é um grande empregador, se piorar vira um ciclo", complementa.

Sinal positivo - O único segmento que, segundo ele, tem mostrado certo arrefecimento é o de consumo das famílias que no mês de outubro deste ano apontou 4,8%, após ter atingido 8,2% e 6,7% nos meses de agosto e setembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior. "A curva de queda desacelerou", comenta o economista.

Isso, de acordo com Cagnin, mostra um sinal de acomodação ou ajuste. "Existe um limite. Você diminui, mas uma hora não tem para onde ir. As famílias também não podem cortar tudo", ressalta o especialista do Iedi.

Outro segmento - Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, o segmento de outros serviços - que engloba a área financeira, plano de saúde, gestão de patrimônio imobiliário, serviços de reparação e outros - tiveram retração de 13,8% em outubro ante o mesmo período de 2014.

Já os serviços de informação e comunicação caíram 3,2% na mesma base de comparação. O subsegmento desta categoria com maior queda foi o de telecomunicações (4%).

Ainda segundo a pesquisa, no resultado acumulado, o índice é de 3,1% no ano e de 2,5% em 12 meses. Já a taxa acumulada da receita nominal ficou em 1,6% no ano e em 2% em 12 meses.

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP