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17/12/2015

Tesouro avança e poupança perde

No ano, a poupança rendeu 7,61% e nos últimos 12 meses 8,06%. As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), pós-fixadas que seguem a Selic, renderam 12,50% no ano e 13,24% em 12 meses.

Paulo Vasconcellos 

A poupança vai continuar a ser o patinho feio dos investimentos no Brasil em 2016. A aplicação, que perdeu R$ 58,3 bilhões de janeiro a novembro, de acordo com o Branco Central, deve perder espaço para outros títulos, como o Tesouro Direto, que negocia papéis públicos com taxa de risco mínima e rendimento pelo menos igual à inflação. No ano, a poupança rendeu 7,61% e nos últimos 12 meses 8,06%. As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), pós-fixadas que seguem a Selic, renderam 12,50% no ano e 13,24% em 12 meses. Já as Notas do Tesouro Nacional - Série B (BNTN-B), pós-fixadas, atreladas ao IPCA, renderam 16,22% no ano e 18,30% nos 12 meses. A inflação de janeiro a novembro foi de 9,62% e nos 12 meses, alcançou 10,48%.

"Para a poupança, 2016 deve ser um ano ainda pior. A perspectiva de que a taxa de juro se mantenha em nível elevado, podendo chegar a 16,25%, vai tornar os títulos pré-fixados mais atraentes", diz Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama. "Com aumento ou queda de juros, o Tesouro Direto sempre vai ser uma alternativa melhor que a caderneta", afirma Gustavo Maltauro, responsável pela área de renda fixa da Gradual Investimentos.

Novembro foi o 11º mês consecutivo de captação líquida negativa (saques maiores que depósitos) da caderneta. No fim do ano passado, o estoque de recursos na poupança totalizava R$ 662,7 bilhões. Agora é de R$ 647,6 bilhões. Enquanto a poupança perde recursos, o Tesouro Direto ganha. Criada em janeiro de 2002, a aplicação tem se mostrado boa alternativa à poupança. Os investidores pessoa física podem comprar títulos públicos pela internet, por meio de um banco ou corretora.

No Tesouro Direto o investidor pode proteger a aplicação dos impactos da volatilidade. Em qualquer economia, os títulos do governo federal são considerados os ativos mais seguros. Outra vantagem é a possibilidade de comprar títulos que não têm oscilações significativas no preço e acompanham o mercado. Os títulos LFT, com rentabilidade indexada à Selic, não são muito afetados pelas variações dos juros.

As pessoas podem comprar títulos de duas maneiras. A primeira é participando de um fundo que invista nos papéis do governo. Nesse caso, a compra dos títulos é realizada por um administrador profissional. A segunda forma é comprar diretamente na Secretaria do Tesouro, pela internet, por meio de um serviço chamado Tesouro Direto. Para realizar a compra direta, é preciso ter Cadastro de Pessoa Física (CPF) e estar cadastrado em um banco ou corretora habilitados a operar o Tesouro Direto. O cadastro em um banco ou corretora também é necessário para quem investe por meio de um fundo.

Os títulos públicos podem ser prefixados - em que o rendimento é definido no momento em que é feito o investimento - ou pós-fixados - em que a rentabilidade está associada a algum índice, como o IPCA ou a taxa Selic. Os títulos têm um prazo de vencimento, mas o investidor também pode negociar os títulos antes da data. O risco é que valor recebido será o de mercado do título no momento, que pode ser maior ou menor que o estipulado para o vencimento. A liquidez é diária: o dinheiro entra na conta do investidor no dia seguinte à ordem de venda ou compra.

Bancos e corretoras podem cobrar taxas de serviços acordadas com os investidores. Há instituições que não cobram nada. As taxas cobradas pelas instituições estão disponíveis para consulta no portal do Tesouro Direto. Há incidência de Imposto de Renda, que varia em função do prazo da aplicação, de 22,5%, para aplicações até 180 dias, a 15%, para investimento acima de 720 dias. A tributação é cobrada em cima do rendimento apenas. Se o dinheiro ficar investido por menos de 30 dias, haverá também cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O valor mínimo da aplicação no Tesouro Direto é de R$ 30,00 e o máximo de R$ 1 milhão por mês.

"Quem tem poupança de longo prazo deveria destinar pelo menos parte do dinheiro ao Tesouro Selic ou a fundos de renda fixa", recomenda Sandra Blanco, da Órama. "Em qualquer cenário, o Tesouro Direto sempre será mais rentável que a poupança", afirma Maltauro, da Gradual.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO