Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R)
O Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R) registrou uma alta de 0,91% em fevereiro, demonstrando aceleração em relação ao crescimento de 0,40% observado em janeiro. No entanto, a taxa interanual do indicador desacelerou, passando de 11,88% para 11,19% no mesmo período, sugerindo uma redução gradual na valorização dos preços imobiliários. Esse movimento está alinhado às expectativas do mercado, que indicam uma estabilização no ritmo de valorização dos imóveis devido à crescente elevação da taxa Selic, a limitação do funding subsidiado e ao crescimento mais contido da economia.
Fonte: Elaboração FGV/IBRE com dados da ABECIP
A análise regional revela dinâmicas distintas entre os principais mercados imobiliários do país. Enquanto São Paulo, a cidade com maior peso na composição do índice, apresentou um crescimento mais modesto (0,46% em fevereiro contra 0,54% em janeiro), o Rio de Janeiro registrou uma aceleração significativa, saltando de 0,15% para 1,29%. Esse movimento pode estar relacionado à crescente demanda por aluguéis, que impacta indiretamente os preços dos imóveis.
No Nordeste, Recife destacou-se com um forte avanço de 2,74% em fevereiro, contrastando com a queda de 0,38% registrada no mês anterior. Esse desempenho pode ser reflexo de um reaquecimento pontual no mercado local, em função de contratos pactuados em meses anteriores. No Sul, Porto Alegre e Curitiba também registraram aumentos expressivos, com altas de 2,23% e 1,59%, respectivamente, em um contexto de alta demanda por imóveis urbanos.
Por outro lado, Belo Horizonte, que vinha apresentando um ritmo acelerado de crescimento, desacelerou sua taxa interanual de 24,08% para 17,89%. Esse movimento pode estar relacionado à estabilização dos preços após fortes valorizações no ano passado.
IGMI-R
Evolução da taxa de variação (%) no mês de janeiro desde 2016
A relação entre o IGMI-R e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é um ponto de destaque. Historicamente, observa-se que o INCC atua como um indicador antecedente para o IGMI-R, com uma defasagem temporal. No período recente, o INCC manteve sua trajetória de alta, subindo de 7,14% para 7,42% na taxa interanual entre janeiro e fevereiro. Esse movimento indica que os custos da construção continuam elevados, o que pode impactar negativamente novos projetos imobiliários e limitar o crescimento do setor.
IGMI-R x INCC
Evolução da taxa de variação acumulada em 12 meses
Em contraste, o Índice de Variação dos Aluguéis Residenciais (IVAR) manteve-se estável, variando marginalmente de 7,99% para 8,01% na taxa interanual. O mercado de locação segue aquecido, especialmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a demanda por aluguel tem aumentado devido à dificuldade de acesso ao crédito imobiliário.
IGMI-R x IVAR
Evolução da taxa de variação acumulada em 12 meses
Já a comparação entre o IGMI-R e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revela uma dissociação significativa. Enquanto o IPCA se manteve em 5,06% na taxa interanual até fevereiro de 2025, os índices do mercado imobiliário ainda operam em patamares superiores. Esse diferencial pode estar atrelado às pressões inflacionárias específicas do setor e à lenta transmissão da política monetária sobre os preços de imóveis.
IGMI-R x IPCA
Evolução da taxa de variação acumulada em 12 meses
Em uma análise comparativa, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), registrou nova aceleração em sua taxa interanual, que subiu de 7,14% em janeiro para 7,42% em fevereiro enquanto o Índice de Variação dos Aluguéis Residenciais (IVAR) apresentou estabilidade, com a taxa interanual passando de 7,99% para 8,01%. Esses dados sugerem que o setor de construção segue aquecido, conforme ilustrado no gráfico a seguir.
INCC x IVAR
Evolução da taxa de variação acumulada em 12 meses
A desaceleração da taxa interanual do IGMI-R iniciada em dezembro de 2024 reforça a hipótese de uma redução gradual dos preços no mercado imobiliário residencial. No entanto, algumas cidades continuam a exibir forte valorização, destacando-se Belo Horizonte, Salvador e Curitiba. Esse comportamento sugere que fatores locais e conjunturais seguem impulsionando o mercado de forma heterogênea pelo país.
Além disso, a relação entre o IGMI-R e o INCC aponta que os custos de construção continuam sendo um elemento muito importante para a evolução dos preços imobiliários, ainda que com defasagem. O setor também precisa observar de perto os movimentos de política monetária e os juros futuros na B3, já que eventuais cortes na taxa de juros podem estimular a demanda e reverter parte da desaceleração observada desde dezembro/2025.
Por fim, o IGMI-R segue como uma ferramenta essencial para a análise do mercado imobiliário, permitindo uma compreensão aprofundada dos ciclos de valorização e suas interseções com variáveis macroeconômicas. A evolução dos próximos meses será fundamental para determinar se o atual cenário representa uma inflexão na tendência de valorização ou apenas uma acomodação temporária dos preços.