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11/11/2016

Bradesco pretende reduzir despesas operacionais do HSBC Brasil em 30%

No terceiro trimestre de 2016, as despesas de pessoal e administrativas do ex-HSBC Brasil representaram R$ 1,826 bilhão.

São Paulo - O Bradesco pretende reduzir em até 30% as despesas operacionais de sua unidade adquirida do HSBC no Brasil nos próximos dois a três anos. No terceiro trimestre de 2016, as despesas de pessoal e administrativas do ex-HSBC Brasil representaram R$ 1,826 bilhão.

A nova estrutura do banco privado incorpora 851 agências e 25 mil colaboradores (funcionários e estagiários) a mais, além de oportunidades na distribuição de produtos e serviços bancários para 3,4 milhões de correntistas, além dos 25,2 milhões que estavam na base do Bradesco.

"De acordo com nossas expectativas, a gente deve atingir uma redução de até 30% nas despesas operacionais entre dois a três anos. Isso já deve ter algum reflexo agora no quarto trimestre. E a partir de 2017 um reflexo maior em relação aos benefícios dessa unificação", respondeu ao DCI, o diretor gerente e de relações com investidores do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti, em entrevista sobre resultados, concedida ontem.

O executivo contou que toda a base tecnológica do ex-HSBC Brasil foi migrada para a plataforma do Bradesco e que isso deve produzir ganhos de escala em despesas de processamento. "Praticamente não há mais o custo de rodar dois sistemas. Adicionalmente, haverá redução de custos com comunicação e transportes", completou Angelotti.

O presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, ressaltou à imprensa que não vê necessidade no momento de ajustar o número de agências do conglomerado. "É um processo constante de revisão. Mas não sentimos a necessidade da sobreposição dessas agências do Bradesco com o HSBC", disse.

Na prática, em praças onde havia unidades do antigo HSBC Brasil e do Bradesco lado a lado, a instituição repaginou a agência com a marca Bradesco Prime, dedicada ao público de alta renda.

Quanto a estrutura de pessoal, Angelotti apontou que a rotatividade natural da base do Bradesco e do ex-HSBC Brasil permite a adequação. "Com o tempo, pelo próprio processo de turnover (renovação) vai se adequando em termos de estrutura funcional", afirmou.

O Bradesco possuía 89.424 funcionários e 12.978 estagiários e contratados antes da fusão em junho, e assumiu 21 mil funcionários e quatro mil estagiários e contratados do ex-HSBC Brasil. Com a integração registra 109.922 funcionários e 16,79 mil contratados e estagiários em setembro.

Quanto ao crescimento das receitas a partir dessa integração, Angelotti destacou a oferta de produtos e serviços bancários para os 3,4 milhões de correntistas adicionais originados do ex-HSBC Brasil. "Identificamos oportunidades em serviços de cartão de crédito, seguros e consórcios", disse.

Efeito da inadimplência - O Bradesco trabalha com a expectativa de que ocorra um aumento dos atrasos (calotes) de seus clientes neste final de ano. "Ainda há um crescimento da inadimplência da pessoa física que deve atingir o pico no quarto trimestre. Não esperamos surpresas de grandes negócios. E com a queda do crédito para pequenas e médias empresas temos a impressão de um aumento da inadimplência", disse Angelotti,

A taxa de inadimplência das pessoas físicas avançou de 5,79% em junho para 6,53% em setembro (Bradesco + HSBC), e excluindo o efeito da incorporação do HSBC Brasil teria avançado para 6,09% na operação Bradesco.

No caso das micro, pequenas e médias empresas, a inadimplência subiu de 7,18% em junho para 7,80% em setembro (Bradesco + HSBC Brasil), e excluindo o efeito da integração com o HSBC teria aumentado para 7,63% no Bradesco.

No segmento de grandes empresas da operação Bradesco, a inadimplência saltou de 0,79% em junho para 1,90% em setembro em virtude principalmente do efeito de um calote de um cliente corporativo específico, que por motivos de sigilo bancário, o banco não pode citar. Quando adicionado aos dados do HSBC, a taxa de inadimplência das grandes empresas (Bradesco + HSBC) alcança 2,03% em setembro.

O balanço também mostrou que o lucro contábil da instituição ficou 21,5% menor e atingiu R$ 3,236 bilhões no terceiro trimestre de 2016, ante R$ 4,12 bilhões obtidos em igual período de 2015, influenciado pelo impacto dos resultados do ex-HSBC Brasil.

O lucro ajustado teve queda de 1,6% para R$ 4,462 bilhões no terceiro trimestre de 2016, frente R$ 4,562 bilhões em igual período de 2015. O ágio total pelo HSBC Brasil foi reportado em R$ 9,5 bilhões.

Na avaliação do sócio-fundador da L&S Educação, Alexandre Wolwacz, os investidores de ações do Bradesco tiveram "um bom motivo para realizar lucros" ontem, após a forte valorização no ano.

"O resultado do Bradesco não foi o que mercado esperava. Nem foi tanto a questão do HSBC, mas houve um aumento da inadimplência, e o setor de seguros foi afetado pelo aumento de impostos", destacou. No Ibovespa, o papel Bradesco PN figurou entre as piores baixas do pregão, com recuo de 8,92%, cotado a R$ 29,01. 

FONTE: DCI