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11/11/2016

Resultado das grandes instituições cai 6,5% e totaliza R$ 14,3 bilhões

Apesar da quedas nos resultados, a boa notícia veio da melhora dos gastos para fazer frente a calotes.

Com os primeiros sinais de que o pior momento da recessão econômica ficou para trás, o lucro líquido combinado dos quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto atingiu R$ 14,278 bilhões no terceiro trimestre. As quatro instituições financeiras mostraram resultados superiores aos que projetavam os analistas, em função das despesas com inadimplência abaixo do esperado.

O resultado representa uma queda de 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado e considera o lucro ajustado publicado por Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. A prévia de analistas consultados pelo Valor projetava R$ 12,9 bilhões de lucro para essas instituições financeiras.

Neste trimestre, o Bradesco passou a consolidar no balanço os números de sua mais recente aquisição, o HSBC Brasil, que contribuiu com R$ 148 milhões para o resultado. Sem esse efeito, a queda no lucro somado das instituições financeiras seria de 7,4%.

Apesar da quedas nos resultados, a boa notícia veio da melhora dos gastos para fazer frente a calotes. No terceiro trimestre, os gastos com provisão para devedores duvidoso atingiram R$ 20,088 bilhões, com leve redução de 1,4% na comparação com os três meses anteriores. Em 12 meses, as provisões ainda registram forte expansão de 20,1%, mas a queda trimestral é lida por analistas como um sinal de que o pior ficou para trás.

O resultado seria ainda melhor se não fossem as provisões que o Bradesco precisou fazer para consolidar o HSBC, que somaram R$ 1,2 bilhão. Sem esse efeito, a queda trimestral das provisões teria sido de 7,2%.

O ciclo de alta da inadimplência também sinaliza que está se aproximando do fim. Os indicadores de atraso entre 15 e 90 dias nas carteiras, considerados um antecedente para o comportamento do crédito, começam a apresentar melhora em algumas linhas. No Itaú, por exemplo, a inadimplência de curto prazo nas linhas de pessoas físicas caiu 0,2 ponto percentual entre junho e setembro, para 5,7%.

Todos os bancos, porém, apresentaram aumento na inadimplência acima de 90 dias, já esperado. A elevação é explicada pelo calote da Sete Brasil, fabricante de sondas para a Petrobras que entrou em recuperação judicial no começo do ano, mas que a maior parte dos bancos passou a contabilizar com 90 dias de atraso apenas no terceiro trimestre.

Com o comportamento melhor do que o esperado dos calotes, Eduardo Vassimon, vice-presidente-executivo do Itaú, afirmou que as despesas de provisão devem ficar perto do piso das projeções feitas para este ano ou até "ligeiramente abaixo".

Em outros bancos, como o Bradesco, a expectativa é que os índices de inadimplência parem de subir até o fim deste ano. "Estamos saindo de um dos ciclos mais duros da economia", afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em entrevista na manhã de hoje para o comentar o balanço da instituição.

Enquanto a inadimplência mostra sinais positivos, o crédito mantém o quadro de estagnação. O saldo da carteira ampliada dos quatro bancos, que inclui avais e fianças, atingiu R$ 2,171 trilhões no final do terceiro trimestre, queda de 2,7% em relação a junho deste ano e de 4,5% em 12 meses.

A expectativa dos bancos é de que o crédito volte a crescer no ano que vem, mas ainda em ritmo moderado. Para José Maurício Coelho, vice-presidente de relações com investidores do BB, a melhora da economia e a redução das taxas de juros podem contribuir para que se veja "alguma recuperação" do crédito em 2017. O Santander afirmou já ter visto alguns sinais de melhora. "Em crédito, vimos do segundo para o terceiro trimestre um incremento. Parou de cair", afirmou Sergio Rial, presidente do banco. 

FONTE: VALOR ECONôMICO