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21/11/2016

Tropeço de grandes cria espaço na construção

O analista faz referência aos imóveis em situação de estoque, que - em termos de valor de mercado - recuaram 6,3% entre o terceiro trimestre do ano passado e deste ano.

São Paulo - Dívidas muitos altas, envolvimento em investigações federais, demanda enfraquecida e margem operacional comprometida formam um cenário nebuloso para as construtoras de capital aberto no Brasil. O contexto sombrio, no entanto, abre oportunidade para empresas menores, mais saudáveis, ganharem espaço quando a crise passar.

"As empresas médias, aquelas que não possuem capital aberto, mas contam com um bom banco de terrenos e capital de giro, serão as mais beneficiadas", disse o consultor imobiliário Carlos Capotto, que atua como analista da consultoria Praxys, Santa Catarina. Na visão dele, a demanda reprimida por moradia no País deve voltar aos patamares de 2014 só no final de 2018, mas as empresas com saúde financeira poderão começar a investir a partir do ano que vem.

"Esse ambiente ruim para novos negócios é passageiro, o problema é que as perdas bilionárias das construtoras grandes tornarão mais difícil que elas voltem a ter a mesma força de outrora."

Entre as construtoras que, na visão do especialista, poderão perder espaço no longo prazo está a PDG, que no terceiro trimestre deste ano reportou prejuízo líquido de R$ 1,7 bilhão, ante perda de R$ 40,3 milhões no mesmo intervalo de 2015. No acumulado do ano até setembro, a construtora soma prejuízo de R$ 2,8 bilhões, valor 260% maior que o registrado entre janeiro e setembro de 2015. "Além disso, a empresa ainda enfrenta um forte endividamento [líquido], que, apesar de ter encolhido 13,2% [no terceiro trimestre, na comparação anual], ainda gira em torno de R$ 5,1 bilhões", completa ele.

Com relação aos esforços da empresa de reduzir o número de lançamentos e se adequar ao atual momento do mercado - a companhia não faz lançamentos desde setembro do ano passado - Capotto é enfático. "Depois deste resultado, a empresa caminha para a recuperação judicial. Essa seria a única forma de se proteger dos credores e conseguir evitar um mal ainda maior: a falência."

O analista faz referência aos imóveis em situação de estoque, que - em termos de valor de mercado - recuaram 6,3% entre o terceiro trimestre do ano passado e deste ano.

Na última sexta-feira a PDG informou que Bruno Augusto Sacchi Zaremba renunciou ao cargo de membro efetivo do conselho de administração da empresa, com efeito a partir do dia 21 de novembro. Em seu lugar, o conselho aprovou a nomeação de Peter Kim Woo, cujo mandato valerá até a data da assembleia geral ordinária.

Oportunidades - O resultado consolidado de dez construtoras de capital aberto no País - Cyrela, Direcional, Even, Eztec, Gafisa, MRV, PDG, Rodobens, Rossi e Tecnisa - foi de perdas da ordem de R$ 1,9 bilhão (ver gráfico), ainda que majoritariamente dominado pelo resultado negativo da PDG. Capotto prevê que o retorno aos patamares financeiros dessas empresas se dê no longo prazo, e quem ganha, segundo ele, são as médias.

"Um bom exemplo de quem pode ganhar mercado é a Settin. Além disso, a Mitre e a Baggio também têm muito potencial." A Baggio, que tem forte atuação no segmento comercial, inclusive anunciou recentemente sua entrada no mercado da região Sudeste.  

FONTE: DCI