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08/12/2025

Setor imobiliário cobra juros mais baixos e legislação mais padronizada para manter avanço – Papo Imobiliário

Lideranças do mercado imobiliário defenderam a redução das taxas de juros e a padronização das legislações municipais como medidas essenciais para sustentar o ritmo positivo do setor no próximo ano.

As propostas foram apresentadas durante a 2ª edição do Encontro de Incorporadores do Estado de Minas Gerais (INC Minas), organizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) nesta quinta-feira (4), no Minascentro, em Belo Horizonte.

O evento reuniu especialistas e representantes do setor para debater oportunidades e desafios no Estado. Durante sua participação, o presidente da Abrainc, Luiz França, destacou como o custo do crédito afeta diretamente o acesso à casa própria. Segundo ele, “a cada 1% de juros reduzido das taxas de financiamento, 200 mil famílias são inseridas no mercado imobiliário. Taxa de juros alta é sinal de menos compradores no mercado. Nossos clientes são, em sua maioria, dependentes de financiamento e a redução das taxas beneficia muito”.

França também apontou fatores que podem ampliar as vendas em 2025: a expectativa de queda dos juros, a criação da Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), voltada para famílias de classe média, e as mudanças no uso do FGTS. “A inserção da classe média nos programas de financiamento foi uma grande conquista que nós tivemos este ano”, afirmou.

Criada em maio, a Faixa 4 permite que famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil financiem imóveis de até R$500 mil, com taxas reduzidas. Além disso, as novas regras autorizaram o uso do FGTS para a compra de imóveis de até R$2,25 milhões.

Para França, essas mudanças abrem espaço para um ciclo de forte crescimento. “Quando o Brasil tiver redução da taxa de juros, o mercado imobiliário vai crescer muito. Isso porque temos um déficit habitacional de 6 milhões de domicílios e uma necessidade no futuro de 11 milhões de moradias”, disse. “Ainda há muita gente precisando comprar imóvel, sem contar as pessoas que querem mudar para uma casa melhor ou maior”.

O presidente do Sinduscon-MG, Raphael Lafetá, reforçou a crítica aos juros elevados. “Não é só o setor da construção civil, mas toda a economia depende de taxas de juros mais baixas”, afirmou. Ele avalia que a demanda continuará forte em 2025, já que o déficit habitacional permanece em níveis semelhantes aos de 30 anos atrás. “A expectativa com relação à demanda é gigante, mas basta saber se a gente vai ter condições de oferecer. Para dar esta oferta, precisamos de uma economia estável e de taxas de juros mais acessíveis”, declarou.

Lafetá afirmou ainda que questões como mão de obra e cadeia produtiva são desafios superáveis em um cenário econômico mais favorável. “A gente traz investidores. Um país com uma taxa de juros baixa, desenvolve, cresce, moderniza e inova”, afirmou.

Segundo ele, o problema não se limita ao governo federal. A despadronização das legislações municipais e estaduais também pesa sobre o setor. “Estamos discutindo e conversando com os administradores municipais de vários níveis para que a gente possa modernizar a legislação, possibilitando a questão da padronização do nosso setor. Isso vai ajudar demais a fazermos mais habitação, com melhor qualidade e maior produtividade, a custos mais acessíveis”, explicou.

Em participação por transmissão on-line, o governador Romeu Zema (Novo) também defendeu a desburocratização e disse manter “diálogo fácil” com o setor produtivo. “É isso que o Brasil precisa, de governos que trabalhem ao lado de quem produz riqueza. E não de governos que desconsiderem ou que complicam a vida. Tendo em cada cidade uma legislação e uma especificação diferente. Isso é um terror para quem quer reduzir custo e construir no Brasil”, afirmou. “No meu governo nós agimos exatamente no sentido contrário, escutando e fazendo tudo a quatro mãos”.

Ao final do encontro, Lafetá reforçou a importância da integração entre sociedade civil, empresas e gestores públicos. “A administração pública tem um papel fundamental quando normatiza comportamentos, tipos e tamanhos de construções. Do contrário, ela engessa e impossibilita a atividade econômica. Mas também defendemos o trabalho em conjunto: empresas, administração pública e cidadão em prol do acesso à casa própria com uma mobilidade melhor, gastando menos tempo no trânsito e com acesso a condições melhores de vida”, concluiu.

FONTE: PAPO IMOBILIáRIO