O Sindicato da Habitação de São Paulo(Secovi-SP)cobra novo reajuste no teto dos valores de imóveis para baixa renda enquadrados no Minha Casa, Minha Vida. Na Região Metropolitana de São Paulo, a elevação foi de R$ 190 mil para R$ 200 mil, na terceira fase do programa recém-anunciada. A posição do setor é subir para R$ 235 mil, sem diferenciação entre a capital e as cidades da Grande São Paulo.
“É uma forma de viabilizar e de colocar muitos empreendimentos dentro do programa”, defende a entidade em nota. A continuidade do Minha Casa, Minha Vida foi muita discutida na convenção anual do Secovi, batizada de Rosa dos Ventos.
O evento reuniu mais de mil participantes do setor. Outras questões foram os desafios impostos pela crise econômica e as alternativas do mercado imobiliário, disse o presidente do Secovi, Claudio Bernardes. Ele também destacou a participação da iniciativa privada em soluções urbanas, elogiando a palestra sobre cidades democráticas do urbanista Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá (Colômbia), durante o fórum.
A associação dos construtores e imobiliárias da região do ABC (Acigabci) participou da convenção. Os diretores Milton Bigucci Junior e Marcus Vinicius Pereira Santaguita afirmaram que Santo André, São Bernardo e São Caetano, além de Diadema, têm preços mais competitivos que a capital.
A maioria dos compradores de imóvel na região tem de 25 a 35 anos, segundo Santaguita, e busca produtos de R$ 250 mil a R$ 300mil, faixa de preços atrai moradores paulistanos que migram para lá. Os dois concordam que um dos graves problemas, para quem vai morar no ABC, é o trânsito travado nas vias de ligação com a capital.
Durante quatro dias – de 30 de agosto a 2 de setembro –, representantes dos diferentes segmentos do mercado discutiram o futuro do setor. O presidente da Fundação Osesp, Fabio Barbosa, e ex-presidente do Grupo Abril, Banco Santandere da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), foi um dos debatedores do painel que avaliou o atual cenário econômico.
Coube a Barbosa responder a uma pergunta, que não sai da cabeça de todas as empresas, sobre o que fazer com os elevados estoques de imóveis prontos, na planta e em construção: melhor queimá-los ou segurá-los?
“As empresas precisam ter caixa, foi o que aprendi no mercado financeiro”, respondeu ele, enfatizando que não adianta pensar que a economia vai melhorar daqui a três meses. “Precisa ter caixa para a virada de ano. ”Talvez, segundo Barbosa, a situação melhore em 2016.” Em relação aos estoques, que bateram recorde no primeiro semestre, superando 28 mil unidades, e agora baixaram para 26.980, ele arrematou: “Cada um sabe onde a coisa pega”.
Na véspera da abertura da convenção, a Prefeitura publicou minuta do projeto da operação urbana do Tamanduateí, visando requalificar os bairros – Cambuci, Mooca, Ipiranga, Vila Carioca e Vila Prudente –, criar 11 parques, abrir duas avenidas, ligando Heliópolis a estações de metrô e trem, além de modernizar a Avenida do Estado.
A proposta é liberar 6 milhões de m² em novas construções para dobrar a população na região. Para viabilizar as obras, a Prefeitura pretende vender6,5milhões de Certificados de Potencial Adicional de Construção(Cepacs) e prevê arrecadar R$ 5,5 bilhões em 20 anos. Cepacs são títulos leiloados na Bolsa de Valores que permitem edificações com coeficiente acima do limite vigente.
A operação urbana Faria Lima, segundo o presidente do Secovi, acaba de ter aprovado um “complemento importante” na Avenida Santo Amaro. “Foram autorizados mais 300 mil Cepacs”, disse. “A Água Espraiada também tem estoque, que deve ser estruturado por projeto de lei, e vai continuar operando.”