Alex Ribeiro
A caderneta de poupança completou o nono mês seguido com retirada líquida de recursos. Em setembro, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), os saques superaram os depósitos em R$ 5,293 bilhões. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, o saldo de captação está em negativo em R$ 53,791 bilhões.
Em setembro do ano passado, havia sido registrada uma captação líquida positiva de R$ 6,696 bilhões. Em todo o ano de 2014, a poupança atraiu R$ 24,034 bilhões. Apesar de positivo, o volume representou a menor captação líquida anual desde 2011, quando os depósitos superaram os saques em R$ 14,186 bilhões, e uma queda de 66% em relação ao saldo de aplicações registrado em 2013 (R$ 71,048 bilhões).
Entre os fatores que explicam os saques líquidos da poupança estão a inflação elevada, o aumento do desemprego, o menor crescimento da renda do trabalhador e, sobretudo, a alta da taxa Selic. Com o juro em 14,25% ao ano, a caderneta fica ainda menos atrativa em relação a outras modalidades de investimento, mesmo considerando a isenção de imposto de renda (IR).
No acumulado do ano até o mês de setembro, a poupança rendeu 5,90%, abaixo do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), com variação de 9,56%. A caderneta perdeu até para a inflação medida pelo IPCA, que ficou em 7,58% no período.
Como o saque (R$ 5,293 bilhões) foi superior aos rendimentos pagos aos depositantes no mês, de R$ 4,225 bilhões, o patrimônio total da poupança caiu de R$ 645,117 bilhões em agosto para R$ 644,048 bilhões em setembro.
Os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário (SBPE) registraram resgate líquido de R$ 5,377 bilhões no mês passado. As instituições que destinam os recursos para o crédito rural (SBPR) verificaram captação líquida de R$ 83 milhões.
Como a maior parte dos recursos é dirigida para habitação, os saques reduzem a disponibilidade recursos para o setor. Para canalizar recursos aos financiamentos imobiliários, no fim de maio o BC alterou regras de compulsórios sobre a poupança, liberando estimados R$ 25 bilhões.
Desde o fim de agosto de 2013, a poupança voltou a ser remunerada pela "fórmula antiga" de 0,5% ao mês mais TR. Pela regra atual, se a Selic voltar a ficar abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica de juros.