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04/07/2016

Remuneração de CDB nos grandes bancos é parecida com a da poupança

Enquanto o rendimento estimado para a poupança nos próximos 12 meses é de 8,8%, aplicar em CDBs no curto prazo pode render de 8,4% a 9,3%, dependendo do banco.

Tirar as economias da poupança para colocar em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) de um grande banco pode ser uma clássica troca de seis por meia dúzia.

A remuneração desse produto está muito parecida com o minguado rendimento da caderneta, que vinha perdendo até para a inflação.

Em alguns casos, o dinheiro só crescerá mais que na poupança no longo prazo.

Contra o CDB ainda pesam limitações de valores mínimos de aplicação e a cobrança de Imposto de Renda.

A Folha comparou CDBs pós-fixados (cuja remuneração é atrelada a um percentual do CDI, a taxa de juros cobrada entre instituições financeiras). Foram escolhidos produtos de regras simples e menor valor de aplicação.

Enquanto o rendimento estimado para a poupança nos próximos 12 meses é de 8,8%, aplicar em CDBs no curto prazo pode render de 8,4% a 9,3%, dependendo do banco. Por um período de dois anos, a remuneração iria de 8,9% a 10,0% .

A única opção pós-fixada oferecida aos clientes do banco Itaú é Itauvest, que parte de 30% do CDI (ou 4,23% bruto ao ano) e tem taxa de juros progressiva.

Essa remuneração, muito abaixo da inflação e da poupança, sobe para 100% do CDI se o dinheiro for mantido por mais de três anos.

E, se o dinheiro ficar efetivamente pelo período, o rendimento de 100% do CDI retroage e passa a valer para todo o período de aplicação.

Ainda assim, o cliente encontra opções com rendimentos melhores fora dos grandes bancos.

O mesmo dinheiro investido no Tesouro Direto –a aplicação conservadora mais recomendada pelos planejadores financeiros hoje– renderia de 10,9% a 12,3% ao ano.

A remuneração vale para quem compra Tesouro Selic, papel que acompanha a taxa básica de juros da economia.

Outra vantagem de escolher o Tesouro Direto é a possibilidade de poupar em pequenos valores, em uma dinâmica mais parecida com a da poupança.

Um investidor pode fazer uma aplicação com cerca de R$ 80 em Tesouro Selic.

Para quem ainda assim prefere investir em CDBs, que têm a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), os bancos médios oferecem taxas mais atrativas, acima de 100% do CDI.

A desvantagem é abrir mão de resgatar o dinheiro a qualquer momento, antes da data de vencimento.

Por que tão pouco? - O CDB é um dos instrumentos que o banco tem para captar o dinheiro que depois será emprestado aos correntistas. A principal receita do banco vem da diferença entre a taxa que ele paga pelo dinheiro do cliente no CDB e o juro que ele cobra de quem pede o empréstimo.

O problema é que hoje os bancos estão limitando os novos financiamentos, com receio de calotes. No primeiro trimestre deste ano, a carteira de crédito dos bancos (total de dinheiro emprestado a correntistas) ficou praticamente estável nas principais instituições.

"O banco capta de acordo com a necessidade. Se ele não está precisando de dinheiro agora –e ele não está, porque não está emprestando–, não quer pegar o dinheiro do correntista. E, se o cliente mesmo assim quiser deixar o dinheiro lá, o banco vai pagar baratinho", afirma Michael Viriato, do Insper.

Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil, explica ainda que o banco consegue captar de forma pulverizada em sua rede de agência, o que diminui a necessidade de remunerar bem o pequeno investidor. E há ainda o problema de não competir com a fonte de captação para crédito agrícola.

Migração - "Se eu tiver um produto de varejo com rentabilidade muito maior que a da poupança, vou estimular a migração para outros produtos. Para financiar o agronegócio, preciso ter um saldo de poupança, não posso estimular canibalização", diz Casalatina.

"Cada instituição tem a sua estratégia de necessidade de caixa", afirma Marcos Daré, diretor de Investimentos do Bradesco. Ele considera que neste momento o banco precisa de menos funding para novos empréstimos.

Para atender clientes que não atingem os R$ 2.000 mínimos para aplicar em CDBs, o Bradesco sugere fundo simples de renda fixa, que tem taxa de administração.

Em nota, o Santander afirmou que a remuneração leva em conta o valor total dos investimentos do cliente no banco e o prazo que o recurso permanece aplicado.  

FONTE: FOLHA DE S. PAULO