A microrregião de Campinas foi a que mais lançou imóveis novos no 3º trimestre deste ano no Estado de São Paulo, com 3.074 unidades, o que representa participação de 22,86% de todos os 13.444 que chegaram ao mercado, de acordo com pesquisa divulgada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais do Estado (Secovi-SP).
A segunda colocação ficou com a área de Sorocaba, com 2.522 unidades lançadas, representando 18,76% do total, seguido pela Região Metropolitana de São Paulo, 2.081 (15,48%). O resultado no período de julho a setembro de 2025 na microrregião representou uma alta de 18,69% em comparação com as 2.590 de igual período do ano passado. Os imóveis novos que chegaram ao mercado somaram um Valor Global Lançado (VGL) de R$ 1,21 bilhão no terceiro trimestre, alta de 13,08%% em relação ao R$ 1,07 bilhão em 2024.
A área abrangida pela regional do Secovi ficou ainda em 2º lugar em vendas de imóveis novos no 3º trimestre de 2025, com 3.429 unidades, com alta de 50,2% em relação as 2.283 de julho a setembro de 2024. O primeiro lugar em comercialização ficou com a RM de São Paulo, com 3.517 imóveis, elevação de 2,69% na comparação os 3.425 do ano passado. Sorocaba apareceu na terceira posição, com 2.525, aumento de 95,89% em relação as 1.289 de 2024.
“Mantivemos o mercado aquecido com alta nas vendas porque houve uma oferta bem expressiva”, avaliou a diretora da Regional do Secovi-SP em Campinas, Kelma Camargo. Para ela, pode contribuir para aumento nos lançamentos uma questão local de Campinas, que é a deliberação sobre a outorga onerosa por parte da prefeitura.
É um instrumento jurídico que permite ao proprietário de um terreno construir acima do limite estabelecido pelo zoneamento (Coeficiente de Aproveitamento Básico) mediante pagamento de uma contrapartida financeira à municipalidade. A receita é destinada ao Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FMDU), sendo investida em melhorias de infraestrutura, equipamentos públicos e habitação social.
ACUMULADO
Segundo Kelma Camargo, esse assunto já influenciou no lançamento de imóveis este ano. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, 8.693 novas unidades chegaram ao mercado da microrregião, queda de 12,03% em relação as 9.882 de janeiro a setembro de 2024. “Tivemos uma baixa nos lançamentos e isso pode afetar o mercado em Maioria dos lançamentos ocorridos na cidade fazem parte do programa habitacional Minha Casa Minha Vida 2026, o que não é razoável, não é o ideal para Campinas e região”, afirmou.
“O que pode contribuir para alta de mais lançamentos é a deliberação e definição da Prefeitura [de Campinas] sobre a outorga onerosa. Se não houver essa deliberação e a outorga não ficar em patamares razoáveis e couber dentro do bolso da construção dos imóveis, nós ainda vamos viver 2026 sem lançamentos”, disse a diretora regional.
Na microrregião, 69,7% dos lançamentos no terceiro trimestre do ano foram do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida (MCMV), correspondendo a 2.142 unidades, de acordo com o Secovi. Os demais padrões somaram 932, com participação de 30,3%.
A área de Campinas foi a com maior número de imóveis do MCMV, representando 32,69% dos 6.553 do Estado. A região de Sorocaba ficou com a segunda posição, com 1.530 (23,35%), e em terceiro apareceu o Vale do Paraíba, 1.322 (20,17). Na Região Metropolitana de São Paulo, os lançamentos do Minha Casa Minha Vida somaram 471 unidades (7,19%). Nessa área, a predominância foi de outros padrões, com 1.610 imóveis.
Uma construtora que atua em Campinas lançou este ano três novos empreendimentos, somando 1.008 unidades habitacionais. “Registramos uma alta velocidade de vendas, com desempenho superior a 13% mês a mês. Esse resultado mostra a força do mercado local e nos dá confiança para ampliar ainda mais nossa atuação”, disse o gestor regional da empresa, Johann Souza. A companhia tem programado para 2026 o lançamento de outros sete empreendimentos, totalizando cerca 2,5 mil imóveis.
“Esse resultado mostra a força do mercado local e nos dá confiança para ampliar ainda mais nossa atuação. Com as melhorias recentes do programa Minha Casa Minha Vida, vamos aumentar o volume de lançamentos em 2026, contemplando todas as faixas do programa 2, 3 e 4, que atendem famílias com renda entre R$ 2,5 mil e R$ 12 mil. Ou seja, vamos mais que dobrar os lançamentos em relação a 2025 e, consequentemente, ampliar também as vendas”, disse o gestor regional.
Em Campinas, o foco de expansão da construtora será o distrito do Campo Grande, com três lançamentos. Para reforçar a presença e proximidade com os clientes, ela inaugurará uma nova loja na Avenida John Boyd Dunlop. “Esse conjunto de ações reforça nosso compromisso em oferecer soluções habitacionais de qualidade e atender de forma abrangente a população de Campinas”, explicou Johann Souza.
MERCADO AQUECIDO
Entre janeiro e setembro deste ano, a microrregião registrou a venda de 10.475 imóveis, aumento de 24,61% em relação as 8.406 dos nove primeiros meses de 2024, de acordo com o sindicato das imobiliárias. Campinas ficou atrás apenas da RM de São Paulo, onde foram comercializadas 10.768 unidades. Nas seis cidades abrangidas pela regional do Secovi, o Valor Geral de Venda (VGV) ficou em R$ 4,64 bilhões no acumulado de 2025, elevação de 25,4% na comparação com os R$ 3,7 bilhões de igual período de 2024.
No terceiro trimestre, a região atingiu o R$ 1,3 bilhão, aumento de 40,86% sobre os R$ 923,6 milhões de julho a setembro do ano passado. Porém, houve uma queda de 10,96% em relação aos R$ 1,46 bilhão do segundo semestre deste ano. No acumulado de 12 meses, a microrregião chegou a R$ 6,52 bilhões, representando 18,77% do total de R$ 34,74 bi18,77% do total de R$ 34,74 bilhões do Estado.
“O interior paulista é o segundo maior mercado imobiliário do país”, avaliou o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. A previsão do crescimento este ano do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, a soma de todos os bens e serviços produzidos, é de 2,2%, com o índice da construção civil, ficando ligeiramente acima, com 2,3%.
O especialista apontou ainda que a projeção do custo do setor é ter uma elevação de 6,37% em 2025, acima da inflação prevista de 4,45%. “O INCC [Índice Nacional de Custo da Construção] vem se acomodando, mas ainda está alto porque estamos com um problema de falta de mão de obra muito grande”, justificou o economista.
Para ele, o desempenho do mercado imobiliário vem se mostrando resiliente, apesar dos altos juros. A Selic, a taxa básica, está atualmente em 15%, a mais alta em quase 20 anos. “Esta é a grande guerra que temos hoje no país”, disse Celso Petrucci.
Ele citou que os bancos trabalham com a perspectiva de queda a partir do próximo mês, apesar das afirmações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, de ainda ser cedo para mudar a política de juros. A justificativa, de acordo com ele, é que a inflação está reticente, apesar de próximo da meta. O BC trabalha com a meta de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.