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31/05/2017

Queda de Selic favorece funding de poupança  

Em 2017 até abril, a poupança registra saída líquida de R$ 13,2 bilhões, volume inferior ao resgate de R$ 27,75 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.

A continuidade do ciclo de corte de juros deve fazer com que a caderneta de poupança - hoje principal fonte de recursos para o crédito imobiliário ao lado do FGTS - volte a ganhar atratividade e aumente a participação no funding do setor.

Em 2016, os resgates superaram os depósitos na caderneta de poupança em R$ 31,2 bilhões, tendência mantida neste ano, mas em menor velocidade. Em 2017 até abril, a poupança registra saída líquida de R$ 13,2 bilhões, volume inferior ao resgate de R$ 27,75 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.

Apesar de os resgates terem persistido, eles foram compensados com folga pela incorporação dos rendimentos aos depósitos. O saldo aplicado nas contas de poupança atingiu R$ 514,8 bilhões em abril, crescimento de 4,2% em 12 meses.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho, quando o juro cai a um dígito, a poupança volta a ganhar atratividade em relação a outras aplicações financeiras, como os fundos DI. Pela regra vigente, com Selic igual ou abaixo de 8,5%, a rentabilidade da poupança passa a representar 70% da taxa básica.

A Caixa aposta no crescimento das captações de poupança para financiar as operações de crédito imobiliário e reduzir ainda mais as emissões de Letra de Crédito Imobiliário (LCI), que são uma fonte de recursos mais cara. O saldo em LCI e Letras Hipotecárias emitidas pela Caixa recuou 5% no primeiro trimestre em relação a dezembro, somando R$ 96,6 bilhões.

No Banco do Brasil, como os recursos da poupança são direcionados para o crédito do agronegócio, a maior parte do funding imobiliário vem da emissão de LCIs. No primeiro trimestre, o banco captou R$ 4 bilhões por meio desse instrumento. "Isso nos deu tranquilidade para irmos até o fim do ano sem nos preocupar", diz Edson Pascoal Cardozo, diretor de empréstimos, financiamentos e crédito imobiliário do BB.

O Banco Central deve regulamentar até o fim do primeiro semestre a Letra Imobiliária Garantida (LIG), que deve ser mais um instrumento de captação de recursos à disposição dos bancos para financiar a carteira imobiliária. "Com taxas de juros mais baixas, a LIG será um instrumento interessante para captar dinheiro de longo prazo", destaca Fabrizio Ianelli, superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander.

Tanto a LIG quanto a LCI contam com isenção de Imposto de Renda para pessoa física. A expectativa, no entanto, é que o custo operacional de emissão da primeira seja maior.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO