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29/06/2022

Proptech facilita compra de imóveis recuperados por financeiras

Preços são, em média, 40% abaixo do valor de mercado; modalidade pode exigir tempo e paciência para a desocupação por parte de antigos proprietários

Por Rafael Moura 

O segmento de house flipping vem alcançando cada vez mais buscas e movimentando o mercado imobiliário. De acordo com levantamento da Archademy, a procura por renovação de imóveis aumentou 68% desde o ano de 2020. Já as intenções de aquisição para redecorar representam 42% das pesquisas. 

Nesse modelo de comercialização, investidores procuram ofertas de imóveis subvalorizados para adquirir, reformar e depois vender. A prática, também conhecida como retrofit, pode ser uma oportunidade de negócio para investir no mercado imobiliário e gerar lucro ao repassar o imóvel, depois de reformado, pelo preço de mercado. 

De acordo com Marcelo Prata, CEO da proptech Resale, o house flipping, que antes era mais explorado por grandes empresas do segmento, hoje pode ser uma opção para pessoas físicas investirem em imóveis retomados. Uma das modalidades que oferecem esse tipo de ativo, que são aqueles imóveis recuperados por bancos.  

Dados do mapeamento de imóveis recuperados realizado pelo banco BTG Pactual com a proptech Resale – que analisou as cinco maiores instituições financeiras públicas e privadas do País –, informam que no último trimestre de 2021, ativos tomados por bancos somaram 36.478 imóveis, que juntos são avaliados em R$ 6,2 bilhões, apresentando queda de 10,9% se comparado com o 3º trimestre de 2021, quando somavam 40.945 mil e foram avaliados em R$ 7 bilhões.  

“Para facilitar a comercialização desses ativos, a Resale, outlet imobiliária, atua oferecendo soluções para gestão e venda de bens provenientes das instituições financeiras, grandes empresas ou governos”, diz. O modelo de negócios da empresa, que possui mais de 100 imóveis residenciais e comerciais disponíveis para venda na cidade de São Paulo, trouxe a possibilidade de compra deste perfil de imóveis pelo público em geral, que antes só era acessível via leilão. 

“Em média, os preços desses imóveis são 40% abaixo do valor avaliado. Em alguns casos específicos podem chegar a até 80% de desconto ou pode ser menor, quando falamos em imóveis desocupados e prontos para morar.”  

De acordo com estudo realizado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP) com 265 imobiliárias, o mercado de imóveis usados da cidade de São Paulo em março deste ano apresentou recuperação depois de superar o tombo de 33,13% nas vendas de janeiro. Após aumentar 31% em fevereiro, as vendas cresceram 11% em março, com a movimentação de mais de 3 mil unidades. 

Outro levantamento sobre imóveis novos, da Secovi-SP, apurou que em março de 2022 foram comercializadas 6.494 unidades residenciais novas na cidade de São Paulo – resultado 36,4% superior às 4.761 unidades vendidas no mesmo mês. 

O ponto de atenção é observar o desequilíbrio da balança, comparando a quantidade de novos empreendimentos e os imóveis já disponíveis. Se por um lado ambas iniciativas são fundamentais para a economia, por outro é necessário repensar todo o comportamento e impacto nas cidades e, principalmente, o papel social de novas construções.

Desocupação de imóveis recuperados 

Uma das principais preocupações quando o assunto são imóveis recuperados ou tomados por credores é a desocupação, que pode gerar dor de cabeça para quem pensa em investir. “Normalmente os bancos deixam a desocupação por conta do comprador por falta de estrutura jurídica para esse processo. Mas isso sempre depende da característica do bem, tipo de vendedor, de imóvel e, principalmente, o que se espera em relação ao valor”, finaliza.

(Matéria publicada em 28/06/2022)

FONTE: O ESTADO DE S.PAULO