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02/03/2022

Procura por imóveis residenciais cresce fora das grandes cidades

Alto preço dos imóveis e busca por qualidade de vida aumentam procura por residências fora dos grandes centros urbanos

A procura por imóveis fora das capitais cresceu 161% em 2021, com destaque para aqueles de até 50 metros quadrados (m²), que tiveram aumento de 204% no volume de novos financiamentos. É o que mostra um levantamento feito pelo Itaú Unibanco. O crescimento ficou acima da média nas regiões Norte (com 437% de evolução), Centro-Oeste (300%) e Nordeste (280%). 

A alta na procura por espaços menores, no entanto, não significa que outras metragens tiveram desempenho ruim. Exemplo disso é o aumento de 162% no número de financiamentos para moradias com áreas entre 50m² e 100m². Os imóveis de alto padrão também tiveram crescimento relevante: o número de financiamentos de unidades com valor acima de R$ 1 milhão foi 140% superior ao de 2020. 

Segundo o diretor do Itaú Unibanco Thales Ferreira Silva, a valorização do metro quadrado é um dos motivos da nova tendência, mas razões ligadas à pandemia também influíram. "Além da questão do preço, identificamos entre os clientes a busca de ambientes multifuncionais, em meio a um modelo de trabalho cada vez mais remoto ou híbrido", avalia. 

O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis do Distrito Federal (Secovi-DF) e CEO da Elo Imóveis, Hiram David, confirma a conclusão da pesquisa: "Houve aumento expressivo de procura por casas de campo em condomínio, chácaras e notória migração para cidades menores próximas aos centros urbanos.” 

Robinson Silva, sócio do GRI Club, afirma que "o perfil de imóveis mais compactos é uma tendência que a gente vê no Brasil inteiro, e por diversos fatores". "O principal é a renda do brasileiro, que não cresceu nos últimos dois anos; então, as famílias ficam mais confortáveis ao pagar um financiamento de menor valor", afirma. 

Migração 

Segundo Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, o movimento de migração das capitais para municípios menores vem acontecendo há alguns anos, e se reforçou em 2020 e 2021, devido ao aumento intenso do preço dos imóveis nas grandes cidades. "Como mais de 70% do mercado imobiliário brasileiro é composto por residências de R$ 350 mil a R$ 400 mil – e o Casa Verde Amarela compõe cerca de 50% do mercado sozinho –, as grandes capitais já quase não têm mais oferta desses imóveis e esse mercado está indo para as cidades vizinhas", detalha. 

"Esse aumento na procura e na venda é reflexo da alta dos custos de construção e de terrenos, que resulta na elevação dos preços de venda dos imóveis", concorda Bruno Sindona, CEO da Sindona, desenvolvedora de empreendimentos populares. "Neste momento de alta de aluguel, as pessoas mudam e buscam moradia onde conseguem pagar. 

As classes C e D estão sendo expulsas dos grandes centros", ressalta. "A renda não acompanhou os aumentos de preço dos imóveis nem dos custos de construção. Os imóveis têm se valorizado cerca de 6% ao ano, mas os custos de construção têm subido ainda mais, perto de 20%", explica Bruno Sindona. 

Pandemia  

Robinson Silva, do GRI Club, acredita que as mudanças foram bastante influenciadas pela pandemia da COVID-19. "A maioria das empresas levou o trabalho de home office muito a sério, e muitas pessoas acabaram saindo das zonas centrais das cidades e procurando regiões um pouco mais afastadas, pela qualidade de vida um pouco melhor", ressalta.     

"O conforto de maior convívio em família, economia de tempo de deslocamento, uma vida mais tranquila e a possibilidade de residir em local distante da sede da empresa resultou na procura por imóveis mais confortáveis, maiores, possivelmente com um quarto a mais ou escritório, em locais mais aprazíveis que os centros urbanos. A migração foi uma consequência inteligente", finaliza o vice-presidente do Secovi-DF, Hiram David. 

(Publicada em 27/02/2022)

FONTE: ESTADO DE MINAS