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06/05/2016

Poupança sofre saque líquido de R$ 8,25 bi em abril

A caderneta de poupança completou o quarto mês consecutivo de saques. Em abril, as retiradas superaram os depósitos em R$ 8,246 bilhões, fazendo deste o pior abril já registrado. Os saques líquidos no ano totalizam R$ 32,296 bilhões, pior primeiro quadrimestre da série histórica compilada pelo Banco Central (BC) desde 1995.

Eduardo Campos

A caderneta de poupança completou o quarto mês consecutivo de saques. Em abril, as retiradas superaram os depósitos em R$ 8,246 bilhões, fazendo deste o pior abril já registrado. Os saques líquidos no ano totalizam R$ 32,296 bilhões, pior primeiro quadrimestre da série histórica compilada pelo Banco Central (BC) desde 1995.

O resultado do mês passado só não foi pior devido a uma entrada de R$ 3,995 bilhões no último dia útil de abril. Até o dia 28, os saques somavam R$ 12,242 bilhões. No mesmo mês do ano passado, a retirada líquida somou R$ 5,850 bilhões.

Os fatores que ajudam a explicar os saques em 2016 continuam os mesmos vistos em 2015, como inflação elevada, aumento do desemprego, menor crescimento da renda do trabalhador e maiores gastos com tarifas e combustíveis. A taxa Selic estacionada em 14,25% também tira atratividade da caderneta, que perde em termos de rentabilidade para outros investimentos, mesmo considerando a isenção de Imposto de Renda.

Como o saque de recursos foi superior ao rendimento de R$ 4,127 bilhões, o patrimônio total da caderneta de poupança caiu de R$ 644,606 bilhões em março para R$ 640,487 bilhões no mês passado.

Em abril, os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário mostraram saque líquido de R$ 6,304 bilhões (SBPE). As instituições que destinam o dinheiro para o crédito rural registraram saída líquida de R$ 1,941 bilhão (SBPR).

No fim de maio de 2015, o BC alterou regras de compulsórios sobre a poupança, visando colocar recursos no segmento responsável pela maior parte dos financiamentos imobiliários.

O potencial de liberação foi de R$ 22 bilhões, e até o fim do ano passado cerca de R$ 12 bilhões haviam sido utilizados. Novo funding ao setor está sendo desenhado. O governo planeja usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a compra de R$ 10 bilhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). A principal beneficiária será a Caixa Econômica Federal.

Desde o fim de agosto de 2013, a poupança voltou a ser remunerada pela "fórmula antiga" de 0,5% ao mês mais TR. Pela regra atual, se a Selic voltar abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica de juros.

O ano de 2013 também foi o de melhor desempenho da poupança, com depósitos líquidos de R$ 71,047 bilhões. Em contrapartida, 2015 foi o pior ano da série estatística compilada pelo BC, com as retiradas superando os depósitos em R$ 53,567 bilhões. Em 2014, a poupança captou R$ 24,034 bilhões, menor volume desde os R$ 14,186 bilhões de 2011.

FONTE: VALOR ONLINE