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19/05/2020

PDG suspende investimentos neste ano

Companhia esperava lançar um empreendimento de R$ 85 milhões, em 2020, em São Paulo

A crise decorrente da pandemia da covid-19 levou a PDG Realty a postergar o lançamento de empreendimento de R$ 85 milhões, composto por unidades compactas de R$ 350 mil, nas proximidades de uma estação de metrô, em São Paulo, que estava previsto para 2020. Seria a primeira apresentação de um projeto ao mercado, desde o primeiro trimestre de 2015, por aquela que já foi a maior incorporadora brasileira, mas teve de recorrer, em fevereiro de 2017, a uma recuperação judicial.

Atualmente em fase de obtenção de licenças na Prefeitura de São Paulo, o projeto da PDG será lançado quando as condições do mercado estiverem melhores, segundo o presidente da companhia, Augusto Reis. “Aprendemos muito com os erros cometidos. Só vamos fazer o lançamento quando o mercado estiver pedindo aquele produto”, disse ao Valor o executivo, que assumiu o cargo, em fevereiro, após a saída de Vladimir Ranevsky da PDG.

Reis conta que a companhia começou o ano otimista. Ele ressalta que esta crise é mais complexa que as anteriores, mas que a companhia está mais preparada para enfrentá-la. “Internamente, estamos mais preparados, mas, externamente, ninguém sabe qual o tamanho da crise”, diz o executivo. Segundo o executivo, a PDG teve um aprendizado muito grande nas outras turbulências enfrentadas. “Os ajustes que fizemos nos deixaram fortalecidos, mas agora vivemos uma crise mundial”, diz o presidente.

Para este ano, estavam previstos também o lançamento da empresa de serviços da PDG e investimentos em uma plataforma de inteligência condominial. Já a comercialização de produtos de terceiros com a estrutura da PDG Vendas, iniciada no fim de 2019, terá continuidade.

Como consequência da queda de vendas em decorrência da crise, a PDG trabalha com cenário conservador de redução de suas receitas em 2020 e 2021. O executivo afirma que a melhora do mercado dependerá da recuperação de emprego e renda e da volta da confiança.

Por outro lado, a incorporadora não vê ajustes no preço dos estoques no curto prazo. Ao longo da recuperação judicial, os valores das unidades em estoques foram revistos para baixo. “Entendemos que a precificação já está adequada”, afirma o presidente.

A estratégia de venda de terrenos localizados nos mercados onde a incorporadora deixou de atuar está mantida. Reis avalia que a procura pela principal matéria-prima imobiliária, que estava forte até o início da pandemia, não irá parar, durante a crise, mas terá queda expressiva.

A companhia continua negociando com os bancos credores na tentativa de conseguir recursos para as obras paralisadas dos empreendimentos que ficaram fora da recuperação judicial. “É mais difícil ainda a obtenção de algum tipo de apoio dos bancos neste momento”, diz Reis. Na busca de solução para a retomada das obras, a PDG mantém conversas também com fundos e com outras incorporadoras.

Considerando a prioridade de retenção do caixa, a companhia está revisando pagamentos mensais e renegociando pagamento aos fornecedores e prestadores de serviços. Além disso, tem acompanhado, diariamente, como está a inadimplência, mas ainda não registrou grandes variações. O caixa da empresa era de R$ 108 milhões no fim de março.

Segundo Reis, a PDG não prevê demissões, apesar da piora do ambiente macroeconômico, pois possui estrutura bastante enxuta e adequada para a venda de estoque pronto e para o lançamento que pretende realizar. “À medida que os lançamentos crescerem, vamos aumentar nosso time”, afirmou o executivo.

A incorporadora vai adotar, em definitivo, o sistema de “home office” para parte da equipe, de acordo com o presidente. “A mudança de regime vai trazer bastante benefícios para a companhia e para os colaboradores. Nossa produtividade aumentou no sistema de ‘home office’”, diz Reis. Segundo o executivo, a implantação do modelo de teletrabalho poderá trazer futuras economias, com diminuição dos gastos com estrutura.

Neste mês, a empresa iniciou seu projeto de “jornada digital”, que prevê implantação de processo totalmente eletrônico de venda de imóveis.

O executivo informou ainda que não tem previsão de quando a companhia sairá da recuperação judicial, mas que isso não ocorrerá no curto prazo. O plano de recuperação foi aprovado em novembro de 2017.

No fim de março, a PDG tinha patrimônio líquido negativo de R$ 5,099 bilhões. A companhia registrou, no primeiro trimestre, prejuízo líquido de R$ 175 milhões, com redução de 27% ante a perda do mesmo período de 2019. A receita líquida caiu 64%, para R$ 46,9 milhões, refletindo a queda de 67% das vendas líquidas, para R$ 19 milhões. Os distratos foram reduzidos em 31%, para R$ 20 milhões.

FONTE: VALOR ECONôMICO