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22/11/2017

OR tenta voltar à cena no mercado imobiliário do país

A empresa viveu ciclo de expansão de 2008 a 2014, alcançando o posto de maior incorporadora do país em VGV lançado em 2012, com um valor, somente da sua parte, de R$ 4,5 bilhões.

A OR Empreendimentos e Participações - nome adotado pela incorporadora do grupo Odebrecht desde ontem - se prepara para seu novo ciclo imobiliário, com início esperado para 2019. Em junho, a empresa fez seu primeiro lançamento desde julho de 2015, um loteamento com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 100 milhões, único projeto deste ano. Para 2018, a projeção é lançar empreendimentos na faixa de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões e, para 2019, chegar ao patamar de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

A esperada redução dos estoques e a maior previsibilidade dos distratos vai possibilitar lançamentos anuais de R$ 2 bilhões a partir de 2020, diz acreditar, Marco Siqueira, presidente da OR, em conversa com o ao Valor. É a primeira entrevista do executivo desde que assumiu o cargo, em janeiro. A empresa viveu ciclo de expansão de 2008 a 2014, alcançando o posto de maior incorporadora do país em VGV lançado em 2012, com um valor, somente da sua parte, de R$ 4,5 bilhões.

Ontem, a OR - que se chamava Odebrecht Realizações Imobiliárias - comunicou a mudança de marca e razão social aos seus funcionários. "A retirada da Odebrecht do nome permite nos posicionarmos de forma mais ampla e mais aberta, atrelados à nossa operação imobiliária e não ao grupo", afirma Siqueira. A mudança faz parte do realinhamento das empresas do grupo, um dos mais envolvidos na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Em 2017, a incorporadora focou seus esforços na continuidade das obras dos seus empreendimentos, situados em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Recife e em Salvador. Em parte deles, o ritmo das obras estava aquém do previsto, o que foi equacionado. "Vamos concentrar a OR na conclusão de empreendimentos e venda de estoques antes de realizarmos novos lançamentos", afirmou o executivo. No próximo dia 2, haverá campanha nacional para acelerar vendas.

Daqui para frente, a atuação da OR será dividida em três pilares - incorporação residencial, comercial e de loteamentos; incorporação de projetos corporativos e prestação de serviços de engenharia atrelada à venda de ativos, principalmente em São Paulo. "Nos últimos dois a três meses, as conversas sobre venda de ativos se intensificaram, juntamente com a melhora do mercado", conta Siqueira.

Já comercializou um terreno na capital paulista, neste ano, e tem expectativa de fechar mais uma ou duas vendas de áreas até o fim de 2017. Nos demais estados, é mais provável o fechamento de parcerias em projetos do que se desfazer de ativos.

A liquidez com venda de ativos e o fato de não estar lançando nada reduziram a necessidade de capital. A OR recebeu dois aportes da controladora - R$ 90 milhões em 2016 e R$ 210 milhões, em maio, oriundos de parte da venda da Odebrecht Ambiental. Não considera que novas capitalizações sejam necessárias até 2018. "Em 2019, vamos precisar de um novo ciclo de investimentos", diz.
A entrada de um sócio na OR não é descartada, e a companhia se prepara para que isso possa ocorrer até 2019. "Um sócio ajuda a reforçar a governança", diz Siqueira. Dos sete conselheiros da companhia, dois serão substituídos por membros independentes, um deles ainda neste ano.

A OR pretende reduzir sua exposição a grandes projetos. Na carteira da incorporadora, estão, por exemplo, o Parque da Cidade, na zona Sul de São Paulo, e o Reserva do Paiva, em Recife. Fazer isso não significa, necessariamente, vender parte de sua fatia em cada um deles, de acordo com o executivo, mas também ajuste no ritmo de lançamentos. As torres residenciais do Parque da Cidade devem ir a mercado no próximo ano ou, provavelmente, em 2019.
Segundo Siqueira, o projeto a ser desenvolvido na Marginal Pinheiros, em São Paulo, em parceria com o Carrefour, já foi aprovado. Trata-se de empreendimento misto, com VGV de R$ 1 bilhão.

Desde 2008, quando estreou operacionalmente, a incorporadora lançou R$ 20,2 bilhões e vendeu R$ 15,9 bilhões. Em 2017, as vendas brutas somaram R$ 850 milhões; as líquidas, R$ 224 milhões.

Os distratos elevados resultaram, não só das questões de mercado, mas também de "saneamento da carteira". "Quando assumi a OR, em janeiro, abraçamos o compliance para a continuidade das operações. Temos uma equipe de conformidade avaliando as condições reputacionais do cliente, enquanto o comercial analisa o crédito", conta.

No ano passado, a OR teve prejuízo líquido consolidado atribuível aos acionistas de R$ 838 milhões, 94% superior à perda de 2015. Na avaliação de Siqueira, a volta à lucratividade pode ocorrer em 2019 e, certamente, será possível até 2020. Atualmente, a OR tem 3.236 funcionários, incluindo diretos e terceirizados, ante 5.185 no ano passado. "Fizemos corte expressivo em maio. Havia uma expectativa de retomada em 2017, o que não aconteceu", diz, acrescentando que a redução resultou também da conclusão de obras. 

FONTE: VALOR ECONôMICO