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22/11/2017

Grupos brasileiros perdem espaço no mercado externo

As empresas atribuem essa retração também à crise das commodities como petróleo, principal fonte de recursos de clientes tradicionais como a Venezuela.

Diante da crise brasileira, a fatia das empresas de construção pesada do país no mercado de infraestrutura da América Latina e África - onde tinham maior presença - caiu de 2,4%, no auge, em 2012, para 1% em 2016. Em 2012, os grupos faturaram US$ 12,9 bilhões com exportação de serviços de engenharia. No ano passado, o valor caiu para US$ 4,6 bilhões.

Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada - Infraestrutura (Sinicon). As empresas atribuem essa retração também à crise das commodities como petróleo, principal fonte de recursos de clientes tradicionais como a Venezuela. Além disso, neste ano os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram reduzidos.

A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) tem um projeto em sociedade com uma empresa italiana de uma termelétrica na República Dominicana, obra em que trabalham quase 9 mil pessoas. Com a interrupção do financiamento no Brasil, as empresas procuraram a agência de investimento da Itália. "Os bens que estão sendo incorporados à obra são todos italianos", exemplificou Fábio Januário, presidente da área de infraestrutura da OEC.

A perspectiva das empresas é de que 2018 será um pouco melhor, mas a retomada será lenta. A estratégia da Galvão é se manter ativa. "Já passamos o fundo do poço, mas a construção ainda vai enfrentar um período de poucas obras. Queremos concentrar esforços onde temos experiência, sem projeto de crescimento acentuado", disse Paulo Coutinho, diretor de projetos do grupo Galvão. No curto e médio prazos a meta da Galvão é atuar como EPC (sigla em inglês para engenharia, suprimentos e construção) das concessionárias de infraestrutura.

Com menos obras públicas no radar, pesos-pesados estão se concentrando em clientes privados no Brasil e exterior. A Andrade Gutierrez Engenharia assinou recentemente o contrato de EPC para a implantação de uma termelétrica no Porto do Açu (RJ). E acompanha de perto os preparativos para o leilão de linhas de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em dezembro. Outro exemplo da estratégia foi o contrato obtido em 2016 para a implantação de uma refinaria para a Axion Energy, na Argentina.

Acostumada com grandes obras públicas estruturantes, a OEC também está focando em clientes privados. Está de olho no setor de aeroportos e de ferrovias, entre outros. A meta é trabalhar puramente como prestadora de serviço de engenharia e construção. Além disso, em setembro, firmou três contratos com o governo de Angola que somam US$ 1,7 bilhão: US$ 507 milhões referentes à modernização da hidrelétrica de Capanda, US$ 485 milhões para operação e manutenção de três usinas hidrelétricas no Rio Kwanza e US$ 715 milhões de um projeto de saneamento. 

FONTE: VALOR ECONôMICO