Por Rennan Setti
Embora os prédios contemporâneos da bossa nova ainda deem o tom arquitetônico em muitas de suas ruas, Ipanema registrou aumento de 294% no número médio de apartamentos lançados entre 2022 e 2024, mostra pesquisa inédita do Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio) e da Brain Inteligência Estratégica.
De acordo com o levantamento, 135 novas unidades foram colocadas no mercado no bairro entre janeiro e maio deste ano, contra 32 apartamentos lançados no Leblon e nenhuma nova unidade na Gávea, no Jardim Botânico e na Lagoa.
Em todo o ano de 2024, esses três últimos bairros também não registraram lançamentos, mesmo apresentando absorção elevada — ou seja, mesmo com demanda latente de compradores. Enquanto isso, Ipanema teve 254 unidades, contra 89 no Leblon. Segundo o levantamento, Ipanema saltou de uma média de 63 unidades lançadas por ano entre 2019 e 2021 para uma média de 214 entre 2022 e 2024.
— Isso é resultado de estímulos, como o fato de Ipanema ser área receptora do Reviver Centro, dos projetos do Mais-Valerá e do novo Plano Diretor. O mesmo não aconteceu com outros bairros pesquisados, tão nobres quanto Ipanema, porque não são receptores do Reviver Centro, por exemplo. Isso precisa ser revisto e repensado para um futuro Reviver Centro 3 — explicou Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio.
Pelo Reviver Centro, incorporadoras que lançam projetos residenciais no Centro ganham bônus em termos de potencial construtivo em outras regiões da cidade, como Ipanema. Já a legislação conhecida como Mais-Valerá cria caminho para a legalização de empreendimentos mais altos do que o permitido pela legislação urbanística. O desenho desses incentivos é alvo de críticas entre alguns urbanistas, mas o estudo mostra que as incorporadoras estão se jogando sobre a oportunidade.