A proporção de imóveis residenciais vagos para locação na cidade do Rio atingiu o maior nível em um ano, chegando a 12,5% em fevereiro, segundo o último relatório de Inteligência Imobiliária da Apsa. A faixa ideal, segundo especialistas, é de 8% a 10%. O tempo médio com imóvel vazio varia de 45 a 60 dias, mas na prática, dependendo do bairro, passa de seis meses. Para aumentar a chance de assinar contrato, o preço do aluguel recuou a patamares de abril de 2012, e está em R$ 33 o metro quadrado.
Com o mercado imobiliário patinando por causa da crise, um fenômeno contribui para esse cenário: são proprietários que não conseguem vender o imóvel e decidem alugá-lo para não arcar com pagamento de condomínio e taxas. O movimento inundou o mercado de ofertas de locação, que cresceu 300% desde 2015.
— Observamos ainda que alguns estudantes que moravam longe dos pais começaram a entregar os imóveis ou estão indo para regiões menos nobres. As pessoas também voltaram a dividir a moradia — diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-Rio).
Já o ambiente para compra e venda é positivo para os compradores. No Rio, a diferença entre o valor ofertado e o valor vendido é de 35,8%, segundo o relatório. Na prática, o metro quadrado dos imóveis, com uma boa negociação, pode cair, em média, de R$ 10.198 para R$ 6.547.
— Há um ano, tento vender meu apartamento sem sucesso. Paguei R$ 400 mil e hoje estou pedindo R$ 350 mil. Agora, vai para locação — revelou o funcionário público Dayvidson Santos, de 41 anos.
Apesar dos números, o analista de negócios da Apsa Bruno Batista já observa um início de recuperação do setor.
— Notamos uma melhora neste início de ano, em relação ao mesmo período de 2016.
Comércio desaquecido - Para imóveis comerciais, o mercado está ainda mais engessado. A taxa média de vacância do setor está em 35%. De acordo com o Secovi- Rio, o índice chega a 45% na Barra da Tijuca e 80% na região dos novos empreendimentos do Porto Maravilha. Para os proprietários, vale qualquer negócio para alugar.
— Fechamos um contrato de sala comercial com 12 meses de carência, na Barra. Ou seja, o inquilino não vai pagar o aluguel nesse período, somente as taxas e condomínio — explicou Edson Pires, um dos sócios da Sawala Imobiliária, ressaltando que o mercado já demonstra sinais de recuperação.
Segundo ele, a empresa conseguiu registrar somente no primeiro trimestre um incremento de 60% no volume de vendas, em relação ao mesmo período do ano passado. Já na Zona Portuária, o mercado ainda aguarda a consolidação da região como nova área comercial da cidade.
— Os descontos chegam a 40% — afirma Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio.