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24/07/2017

MRV pretende construir 500 mil unidades até 2017

Futuramente, a incorporadora poderá lançar projetos com valores acima dos enquadrados no programa habitacional, mas ainda no segmento econômico, financiados por recursos da poupança.

Uma década após sua abertura de capital, a MRV Engenharia - focada no segmento econômico - almeja produzir 500 mil unidades nos próximos dez anos. Desde 2007, a incorporadora mineira produziu o total de 275 mil unidades. Com crescimento impulsionado pelo programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a MRV tornou-se a maior incorporadora do país, ultrapassando a receita da tradicional Cyrela, em 2015, e entra, agora, no seu terceiro ciclo desde o lançamento inicial de ações (IPO).

"Nos próximos dez anos, a necessidade de habitação econômica será enorme, mesmo que possam faltar fontes de financiamento ou haver mudanças nas regras de política pública em algum momento. A MRV terá de ser a empresa mais capaz de operar neste modelo", afirma o copresidente da companhia Rafael Menin. Segundo o executivo, a incorporadora está preparada para crescer, mas também para piora do cenário, se ocorrer.

No ano passado, a MRV produziu 34.898 unidades, volume dez vezes superior às 3.443 unidades de 2007. O recorde foram 39.656 unidades em 2012. A companhia esperava alcançar a marca de 50 mil unidades já neste ano, mas os números do primeiro semestre - quando foram produzidas 17.709 unidades - sinalizam que isso não será possível.

Prazos mais longos do que os previstos para obter licenças levaram a incorporadora a postergar parte dos seus lançamentos. Os atrasos nas licenças são o "calcanhar de Aquiles da MRV", de acordo com o copresidente. Na avaliação de Menin, no segundo semestre, a produção poderá chegar a 50 mil unidades anualizadas. A MRV já tem estrutura para dar conta dessa patamar, conforme o executivo e, no médio prazo, pretende chegar a 60 mil unidades por ano.

Futuramente, a incorporadora poderá lançar projetos com valores acima dos enquadrados no programa habitacional, mas ainda no segmento econômico, financiados por recursos da poupança.

Menin reconhece que a companhia se beneficiou do Minha Casa, Minha Vida, mas afirma que a principal razão para a MRV ter se tornado a maior incorporadora do país foi a gestão. A companhia combina, segundo ele, escolha "artesanal" da equipe e produção industrializada. "Temos uma marca forte e amadurecemos o relacionamento com clientes. Mesmo crescendo muito, mantivemos o nível de excelência na execução", acrescenta.

O copresidente ressalta que, com o anúncio do programa habitacional, em 2009, outras incorporadoras passaram a desenvolver também empreendimentos direcionados à baixa renda, mas não tiveram o mesmo desempenho da companhia. "Mesmo em 2013, nosso pior ano, a MRV foi uma empresa lucrativa", destaca.

O primeiro ciclo da companhia após a abertura de capital foi marcado pela diversificação geográfica. Atualmente, a MRV está em 145 cidades. Na segunda fase, houve aumento expressivo do banco de terrenos e "ajuste fino das operações". Neste ano, os desembolsos com compra de áreas chegarão a R$ 420 milhões. O banco de terrenos tem Valor Geral de Vendas (VGV) potencial de R$ 42,9 bilhões. "No terceiro ciclo, o crescimento será menor do que no passado", afirma Menin.

A expansão prevista para a MRV baseia-se mais no aumento da atuação nas cidades em que a companhia já está presente do que na entrada em novos mercados. Mesmo assim, a incorporadora mantém a dispersão geográfica e, até setembro, começará a operar também na região Norte, a única em que não estava presente.

Recentemente, o conselho de administração da MRV aprovou emissão de até R$ 700 milhões em debêntures. "Temos recursos para passar 2018 sem preocupação de captações", diz Menin. No primeiro semestre, a companhia gerou caixa de R$ 176 milhões, patamar que deve crescer na segunda metade do ano. A MRV encerrou o primeiro trimestre com R$ 2,9 bilhões em caixa e relação entre dívida líquida e patrimônio líquido de 6,9%.

Nos próximos anos, a gestão da companhia pelo tripé formado por dois copresidentes executivos - Rafael Menin e Eduardo Fischer - e pelo presidente do conselho e fundador da MRV - Rubens Menin - será mantida.

O fundador cuida mais de questões estratégicas e institucionais. Rafael Menin é responsável por área formada por Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Centro-Oeste e Nordeste, enquanto Fischer responde pelo Estado de São Paulo e pela Região Sul.

FONTE: VALOR ECONôMICO