É o que revela a Pesquisa Nacional de Maturidade Digital para Incorporadoras e Construtoras 2025, realizada pelo BIM Fórum Brasil com apoio da ABDI e outras entidades do setor. O levantamento analisou 130 empresas de diferentes portes e regiões do país e mostrou que mais de 70% delas permanecem nos estágios analógico ou iniciante da jornada digital.
Segundo o estudo, embora exista um reconhecimento crescente sobre a importância da digitalização, as práticas continuam fragmentadas, com forte dependência de processos manuais, ferramentas desconectadas e pouca padronização operacional. A maior lacuna está justamente na capacidade de transformar a visão estratégica em resultados concretos: o eixo Processos eficientes e integrados obteve a menor pontuação média (1,45), revelando dificuldades para automatizar rotinas, integrar dados e consolidar fluxos digitais de ponta a ponta.
A análise também aponta que o ritmo da transformação digital não difere qualitativamente entre pequenas, médias e grandes empresas, mas sim em grau de desempenho. Empresas maiores demonstram leve vantagem em infraestrutura, integração de dados e padronização de fluxos, mas continuam longe dos níveis avançados de maturidade. Já os negócios de menor porte sofrem mais com restrições de infraestrutura tecnológica, baixa qualificação digital e ausência de governança dedicada.
Os resultados também trazem um panorama claro sobre cultura e competências digitais: 60,8% das empresas seguem nos estágios analógico ou principiante, indicando que a inovação ainda depende de iniciativas individuais e não de um movimento institucional estruturado. Apenas 7,7% já alcançam os níveis avançado ou líder, capazes de usar dados de forma sistemática para decisões estratégicas e desenvolver equipes com competências digitais robustas.
A pesquisa destaca que o setor ainda opera com processos críticos pouco digitalizados, como análise de viabilidade, orçamento e gestão de obras — áreas que seguem dominadas por planilhas, controles manuais e soluções genéricas, com baixa integração entre áreas. No total, 76,9% das empresas conduzem seus processos centrais em níveis analógico ou iniciante.
Apesar dos desafios, o estudo identifica movimentos importantes. Empresas com “liderança mobilizada” (13,1%) e “convergentes” (13,5%) demonstram que a transformação passa principalmente pela estratégia: nesses grupos, a visão de digitalização já se conecta de forma mais clara às operações e ao planejamento — ainda que a capacidade operacional esteja em desenvolvimento.
O relatório conclui que o setor precisa avançar em três frentes prioritárias: operacionalizar a visão estratégica, fortalecer cultura e infraestrutura digital e estruturar processos críticos, garantindo integração, padronização e uso efetivo de dados. A digitalização, reforçam os autores, depende de esforços coordenados entre empresas, entidades e políticas públicas para criar bases sustentáveis de modernização no setor.