O atraso na obtenção de licenças concedidas por prefeituras fez com que os lançamentos da MRV Engenharia caíssem 15,2%, no ano passado, para R$ 3,987 bilhões. "Infelizmente, lançamentos menos do que gostaríamos, não por mercado, mas por burocracia", conta o co-presidente da MRV, Rafael Menin. Prazos mais longos para a aprovação dos projetos levaram a uma concentração de pedidos de financiamento à produção no quarto trimestre, de acordo com Menin, e nem todos foram aprovados ainda em 2016.
No quarto trimestre, a MRV lançou R$ 1,071 bilhão, valor 34,3% menor do que o de outubro a dezembro de 2015. A companhia deixou de lançar R$ 695 milhões em decorrência dos atrasos das licenças e, consequentemente, de o crédito não ter saído a tempo. Segundo o co-presidente, o primeiro trimestre será melhor do que o mesmo período do ano passado.
A companhia projeta lançamentos maiores para 2017. "Será um ano mais ativo em lançamentos e vendas para a MRV", diz Menin. O executivo espera que o mercado continue do mesmo tamanho do ano passado.
Em 2016, o volume de novos projetos abaixo do esperado teve impacto em vendas e repasses. A MRV comercializou R$ 4,017 bilhões, com alta de 4,2% na comparação anual. Foi o segundo maior patamar de vendas líquidas da empresa, atrás apenas do desempenho de 2014. A comercialização de unidades enquadradas em financiamentos com Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) correspondeu a 94% do total.
Os distratos tiveram queda de 24,9%, no ano, para R$ 1,232 bilhão. Isso resultou do crescimento, nos últimos anos, do percentual de vendas simultâneas pela companhia, nas quais o crédito do cliente precisa ser aprovado pelos bancos na assinatura do contrato. O percentual de distratos em relação às vendas brutas caiu de 34%, em 2015, para 24,3%.
No quarto trimestre, as vendas líquidas da MRV tiveram queda de 1,6%, para R$ 1,008 bilhão. A velocidade de comercialização medida pelo indicador VSO (vendas sobre oferta) foi de 19%. A companhia teve redução de 19,5% nos distratos do trimestre, para R$ 285,34 milhões.
O volume de repasses aumentou 42,4% no quarto trimestre, mas caiu 3,2% no ano.
A MRV gerou caixa de R$ 140 milhões no quarto trimestre e de R$ 505 milhões em 2016. Ainda que positiva, a geração de caixa foi impactada por mudanças na análise de crédito pelo Banco do Brasil e pelo consumo adicional de R$ 50 milhões com investimentos em infraestrutura, urbanização e paisagismo, etapas prévias ao lançamento de projetos. Há expectativa de geração de caixa neste ano.
Do Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 41,1 bilhões do banco de terrenos da MRV, o correspondente a R$ 2,5 bilhões possui registro de incorporação.