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17/01/2017

Cimento pode ter pior ano da história em 2017

Ontem, a entidade divulgou que as vendas internas de cimento caíram 11,7% no ano passado, em relação a 2015, para 57,238 milhões de toneladas.

A indústria de cimento terá, em 2017, provavelmente, o pior ano de sua história. Se a expectativa do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) de retração de 5% a 7% nas vendas internas do insumo se confirmar, a capacidade ociosa vai ultrapassar 50%, superando o recorde de 49%, registrado em 1984. Nos dois últimos anos, a indústria de cimento acumula redução de 19,3% nas vendas domésticas.

"Há mais de uma década não tínhamos dois anos consecutivos de queda", diz Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC. Segundo Camillo Penna, o período de 2015 a 2017 será o pior triênio da indústria cimenteira.

Ontem, a entidade divulgou que as vendas internas de cimento caíram 11,7% no ano passado, em relação a 2015, para 57,238 milhões de toneladas. O SNIC projetava queda de 12% a 14% na comercialização doméstica do insumo. Em 2015, a redução foi de 9,5%.

O consumo aparente caiu 11,9%, para 57,6 milhões de toneladas em 2016, segundo o SNIC.

Em dezembro, houve retração de 5,3% nas vendas internas, na comparação anual, para 4,322 milhões de toneladas. Na medição por dia útil, as vendas encolheram 11,1%, para 176,4 mil toneladas.

Entre 2004 e 2014, o setor cimenteiro registrou período de forte crescimento, chegando ao consumo recorde anual de 70,8 milhões de toneladas. As cimenteiras se beneficiaram da expansão, sem precedentes, do setor imobiliário e da maior demanda para obras de infraestrutura. "Em 2012 e 2013, fabricantes tomaram decisões de investimento que estão maturando agora", ressalta Camillo Penna.

A capacidade instalada do setor, que era de 93 milhões de toneladas em 2015, atingiu 100 milhões de toneladas no ano passado. A ociosidade chegou a 43%. "Neste ano, provavelmente, haverá acréscimo da capacidade instalada, mesmo com o ambiente de crise gravíssima", afirma. Segundo o presidente do SNIC, as operações de três fábricas de cimento estão paralisadas completamente e há linhas de produção desativadas.

O consumo foi reduzido tanto pelo segmento de infraestrutura, que responde por 25% do total, quanto pelo de edificações - habitação, industrial e comercial -, responsável por 75%.

Camillo Penna conta que a retração esperada para 2017, em patamar inferior ao do ano passado, resulta da intenção já anunciada pelo governo federal de retomar obras de infraestrutura, da entrada de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na economia, e da redução da taxa de juros e da inflação.

FONTE: VALOR ECONôMICO