Por Circe Bonatelli
A Emccamp, incorporadora com sede em Belo Horizonte e empreendimentos nas regiões metropolitanas da capital de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, está num momento de expansão. A previsão é quase dobrar o volume de lançamentos entre 2025 e 2027, surfando a fase favorável do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
A companhia lançou, em 2024, um conjunto de 2,6 mil apartamentos, com valor geral de vendas (VGV) avaliado em R$ 1,2 bilhão. A empresa está trabalhando para chegar a R$ 2 bilhões em VGV até 2027, uma expansão na ordem de 70%, conta o diretor financeiro e de relações com investidores, André Avelar.
A Emccamp está deslanchando junto com o MCMV, programa que recebeu uma onda de incentivos do governo federal. Entre as principais medidas houve redução dos juros, aumentos dos subsídios e dos prazos de financiamento, além de ampliação do público elegível e dos tetos de preços dos imóveis. O programa também passou a contar com subsídios de programas estaduais para complementar o valor da entrada, facilitando as vendas.
Ambiente é positivo no segmento
Do lado dos consumidores, Avelar aponta uma demanda consistente, fruto do nível alto de emprego e crescimento da massa de renda dos trabalhadores, com a inflação baixa em comparação com o histórico do País. "A perspectiva continua excelente para nós e para o segmento como um todo. Agora é a hora da habitação popular entregar muitos bons resultados", diz.
Além do mercado favorável, a Emccamp fez a sua lição de casa e manteve o balanço "limpo". Nesta quinta-feira, 3, o esforço foi recompensado pela melhora do seu rating (classificação de risco) pela agência S&P, passando de A para AA. A incorporadora tem dívida líquida de R$ 10 milhões, o equivalente a apenas 2% do seu patrimônio líquido, o que faz dela uma das empresas do setor com o balanço mais "leve".
O diretor financeiro observa que o crescimento ocorreu de forma dosada ao longo dos anos, sem alta na alavancagem. A empresa tentou captar recursos via oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) por duas vezes, em 2013 e 2020, mas não teve sucesso. "Optamos então por um crescimento mais gradativo, mas sustentável. Se tivéssemos acelerado muito, estaríamos alavancados", explica o executivo.
Em busca de taxas menores
Para dar suporte ao próximo ciclo de crescimento, a Emccamp pretende financiar-se por meio da venda direta aos bancos da sua carteira de recebíveis de vendas de imóveis. "Todas as operações para sustentar esse crescimento já estão endereçadas. Agora, com o rating melhor, posso pressionar mais os bancos para ter uma taxa menor", conta Avelar.
A Emccamp teve receita líquida de R$ 904 milhões em 2024. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 107 milhões, e o lucro líquido, R$ 77 milhões, o equivalente a uma margem líquida de 8,5%. O retorno sobre o patrimônio (ROE) foi de 16%, e a intenção da companhia é elevar esse indicador para 30% no médio prazo, segundo o diretor financeiro.
Com 48 anos de existência, a companhia fez um processo de sucessão no ano passado. Com isso, os irmãos fundadores, Régis e Eduardo Campos, passaram a direção executiva para seus filhos, Régis e André, respectivamente. Nessa troca de cadeiras, Régis Campos deixa o cargo de CEO para tornar-se o presidente do conselho de administração. Seu irmão, Eduardo, deixou a presidência do conselho para ficar com a vice-presidência do colegiado.