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21/12/2021

Impacto da Selic no mercado

Bons fundamentos possibilitam visão positiva

A passagem da taxa Selic de 7,75% para 9,25% ao ano tem preocupado. Todavia há boas notícias a contrastá-la. Mansueto Almeida, economista-chefe do Banco BTG Pactual, que foi secretário do Tesouro e trabalhou com Paulo Guedes no Ministério da Economia, proferiu palestra, no final de outubro passado, cujos dados entusiasmaram. Anotei alguns pontos interessantes que balizaram nossa economia nos últimos cinco anos e dão aporte a boas expectativas para o mercado imobiliário.

Caminhamos bem no controle dos gastos públicos. Em 2020, fechamos com 26% do PIB; em 2021, deveremos fechar com 19%. Para 2022, quando projetamos só 18% (sem considerar os juros da dívida pública). O crédito, por meio de bancos públicos, aumentou o custo Brasil, expandindo a dívida do governo em quase 10%, de 2009 a 2015. Desde 2016, no entanto, esses bancos vêm reduzindo os empréstimos, que chegavam a 50% do crédito disponível. Assim, os valores cedidos pelo governo começaram a ser devolvidos, desonerando o tesouro.

A captação no mercado de capitais saltou de R$ 120 bilhões anuais, desde 2015, para R$ 407 bilhões em 2021 (até setembro). Em 2016, a oferta pública inicial e de novas ações (IPO e follow on, respectivamente) era de apenas R$ 9,5 bilhões. Em setembro de 2021, chegaram a R$ 120 bilhões. O crescimento previsto da economia neste ano era de 2,5%. Mas, apesar da segunda onda da pandemia, poderemos chegar a 5%. Os investimentos, cuja queda foi de 30% em 2015/16, caíram só 0,8% em 2020. Em 2021, deverão crescer de 12 a 14%.

Como fatores responsáveis por todo esse bom resultado, Mansueto cita os seguintes exemplos: a minirreforma trabalhista (governo Temer), que oportunizou a contratação temporária de trabalhadores; a reforma da Previdência (atual governo); importantes marcos regulatórios, como o do saneamento, que trará grande fluxo de investimentos em infraestrutura nos próximos cinco anos; as concessões de ferrovias e rodovias, como a da Via Dutra; e de importantes aeroportos, como Congonhas e Santos Dumont, além do Porto de Santos, dentre outras.

O déficit primário (rombo fiscal) estimado era de R$ 300 bi, mas será de apenas 1/3 (R$ 90 bi). A dívida pública, que chegaria a 90% do PIB, ficará em torno de 81%. Por outro lado, o dólar sobe, e a Bolsa cai. Por quê? Resposta: não obstante os bons indicadores econômicos, a insegurança política aumenta a percepção de risco. Como alento, a independência do Banco Central. Não há como saber quem será o próximo presidente da República, mas sabemos que o BC será comandado por Roberto Campos. Isso incute confiança na economia!

Pois bem! E o que isso tem a ver com o mercado imobiliário? Resposta: Tudo! Os bons resultados obtidos em 2020 e 2021, apesar da Covid-19, decorreram de uma conjunção de fatores que sobrepujaram as dificuldades provocadas pela pandemia: Selic baixa, juros baixos, abundância de crédito, elevado déficit habitacional, disposição para comprar e toda a parafernália de indicadores econômicos acima. Agora, apesar da recente alta da Selic, esperamos que o positivismo demonstrado neste artigo seja a nossa realidade também em 2022!

FONTE: O TEMPO