Os preços de imóveis ficarão estáveis até que haja nova leva de lançamentos, na avaliação do presidente do portal VivaReal no Brasil, Lucas Vargas. Na cidade de São Paulo, não há perspectiva que volume expressivo de novos projetos seja apresentado neste semestre, segundo ele. "A grande alavanca de preços são os lançamentos", afirma. No primeiro semestre, houve variação nominal positiva de 0,62%, segundo levantamento do VivaReal. Se considerada a inflação do período, houve queda de 3,6%. Nacionalmente, os valores ficaram estáveis.
As incorporadoras estão adiando sua expectativa de lançar imóveis neste semestre, a não ser que se trate de um projeto "muito bom", segundo Vargas. "A maioria das incorporadoras está esperando um cenário com menos estoques, em que possam lançar empreendimentos com preços competitivos", diz.
O presidente do VivaReal diz ser "impressionante o nível de otimismo" entre bancos e investidores internacionais em relação ao país, mas que o entendimento dos consumidores ainda é que o nível de estoques aumentará e o preços dos imóveis irá cair. "A percepção dos consumidores só vai mudar quando houver recuperação de renda e a inflação estiver sob controle", diz.
Segundo o presidente do portal Zap Imóveis, Eduardo Schaeffer, os estoques das incorporadoras não tem se revertido, mas as empresas começam a discutir novos projetos e a avaliar quais são os melhores terrenos e áreas já saturadas. "Teremos um ano ou, pelo menos, seis meses sem novidades, mas as incorporadoras voltam a falar em lançamentos", afirma.
Schaeffer diz esperar que, à medida que houver início da liberação de crédito imobiliário, as vendas de unidades novas e usadas terão recuperação. No segmento de usados, há pouca liquidez. "Quem não tem necessidade de vender não concede grandes descontos, pois imagina que o cenário vai se reverter nos próximos dois semestres. Quem quer comprar encontra restrição de crédito", afirma.
Na avaliação de Schaeffer, a melhora das vendas começará neste semestre, mas um incremento de preços ocorrerá em 2017. No primeiro semestre, o Índice FipeZap Ampliado, que inclui imóveis anunciados em 20 cidades, apresentou leve variação de 0,03% na comparação anual, para R$ 7.635 por metro quadrado. Nominalmente, o valor ficou estável, mas houve perna comparação com a inflação. O indicador é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe) em parceria com o Zap.
Para o diretor executivo no Brasil do portal ImovelWeb, Mateo Cuadras, os preços de imóveis usados ficarão estáveis, nominalmente, no segundo semestre, após queda de 0,6% na primeira metade do ano. "Não espero alta de preços antes de 2017", diz Cuadras. O executivo conta que, diante do cenário difícil de vendas, com pouca liquidez, parte dos anunciantes tem colocado os mesmos imóveis disponíveis para comercialização e aluguel, com disposição para fechar o que ocorrer primeiramente.
O Índice de Preços Properaty Hiperdados Residencial Geral (IPH-RES/G) apresentou desvalorização de 0,27%, no primeiro semestre, para R$ 8.099 por metro quadrado, incluindo apenas imóveis usados. O diretor regional do portal Properaty, Renato Orfaly, diz esperar leve retração de preços de unidades novas e usadas neste semestre.
Orfaly ressalta que os preços têm se retraído em decorrência dos estoques pressionados por distratos e para compensar o encarecimento dos financiamentos imobiliários. "Mas não vai haver aceleração da queda, devido à perspectiva de recuperação da economia", diz. A recuperação de preços ocorrerá a partir do momento em que os estoques forem reduzidos, segundo o executivo.