Larissa Féria
“É o melhor momento para quem quer comprar imóvel.” A frase, repetida à exaustão pelas empresas de intermediação imobiliária, pode soar apenas como chamariz, mas o fato é que diante de tantas ofertas é possível, sim, negociar condições inimagináveis há alguns anos.
Com descontos na faixa de 15% a 20%, podendo chegar a 50%, em casos pontuais, as incorporadoras estão liquidando para baixar os estoques, que atingiram nível recorde, superando 28 mil unidades à espera de comprador. “Os maiores descontos podem ser encontrados nos imóveis prontos – os principais alvos das empresas para baixar o estoque”, diz Alexandre Melão, sócio-diretor da Drive Imóveis.
“A sempre as estão mais flexíveis porque precisam derreter os estoques, que têm custo muito alto, com IPTU, condomínio, água e luz”, afirma o diretor da Vemplan, Rogério Almeida.
Um dos motivos para o grande número de estoque está nas desistências de pessoas que compraram na planta há cerca de três anos e agora não têm mais condições de assumir um financiamento. Seja porque os bancos mudaram as regras, aumentando os juros e encurtando o prazo, seja porque estão ganhando menos. “Elas acabam entrando em acordo com as construtoras, devolvendo o imóvel, que volta para estoque”, explica Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da Abyara Brasil Brokers.
Para contornar a falta de crédito, que barra muitos negócios, há construtoras financiando o próprio imóvel. “Lançamos o Morumbi Rios, no Panamby, e a construtora faz financiamento direto em até 420 meses e juros de 10% ao ano. É uma das artimanhas que o mercado tem usado para vender”, conta Almeida.
Entre os atrativos na disputa por clientes estão entrada zero, entrega de imóvel decorado e isenção do IPTU.“O estoque está muito acima da média histórica. Por isso, existem tantas campanhas, com descontos e entrega de imóveis com IPTU pago, por exemplo”, afirma Vivanco.
Locomotiva - Localizados principalmente em cidades vizinhas a São Paulo, imóveis na faixa de até R$ 400 mil têm puxado as vendas neste ano. Das 1.042 unidades vendidas em julho, 49,3% foram de dois dormitórios, com valor médio de R$ 358 mil, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP). “Os imóveis econômicos, voltados para famílias com renda de até R$4mil, têm tido boa absorção. Essa faixa de renda não está sofrendo como desemprego e precisa comprar por necessidade, para sair do aluguel ou da casa de parente”, afirma Vivanco.
Marcelo Moralles, diretor de desenvolvimento da Fernandez Mera, confirma a tese. “Temos três regiões com alta velocidade de vendas: Morumbi, Osasco e Alphaville. São apartamentos de R$ 380 mil a R$ 500 mil, com metro quadrado na faixa de R$ 6,5 mil”, afirma. Como exemplo, ele cita empreendimento lançado em dezembro de2014, em Alphaville, que teve 90% das unidades vendidas. “Alphaville segue como uma cidade‘aspiracional’.E quem tem renda entre R$ 7 mil e R$ 15 mil consegue comprar um bom apartamento de dois ou três dormitórios. Dos dez lançamento que fizemos em 2014/2015, já vendemos mais de 70%”, conta.
Os imóveis econômicos são o principal foco da Vemplan, que vende um ais no primeiro semestre deste ano do que no ano passado.“Foram734unidades,contra 653 em 2014. No início do ano tivemos três lançamentos do Minha Casa, Minha Vida, que ajudaram nas vendas. Um deles, em Cotia, derreteu tudo em 20 dias”, conta Almeida.
Outro segmento que não sentiu tanto os efeitos da crise, segundo Maurício Soares, da Elite Brasil, é o de alto padrão, com imóveis acima de R$ 2 milhões. “São compradores que estão no topo da pirâmide e oferta desse tipo de imóvel ainda é baixa.”