O estoque em certificados de depósitos bancários (CDBs) mostrou expansão de R$ 106 bilhões no ano para um total de R$ 701,5 bilhões ao final de junho. Esse aumento de recursos é três vezes maior que o volume de R$ 34,6 bilhões obtido no mesmo período de 2016.
Com esse avanço, a participação percentual dos CDBs entre os papéis de captação bancária aumentou de 41,5% em dezembro de 2016, para 47,4% em junho de 2017. Ao todo, o segmento de títulos bancários reúne R$ 1,479 trilhão em ativos financeiros, segundo informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Segundo especialistas consultados pelo DCI, o aumento do estoque de CDBs pode ser explicado por três motivos: a busca por aplicações seguras com rendimento diário; escassez de letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs); e a decepção com a volatilidade de títulos públicos prefixados.
"Entre 2010 e 2015, o CDB perdeu espaço para as letras isentas de imposto de renda [LCIs e LCAs) e letras financeiras [LFs]. Mas, desde 2016, vemos a pessoa física voltando para o CDB com liquidez diária", avalia o professor de especialização em finanças da PUC-RS, Edgar Abreu.
Na visão do professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), George Sales, o crescimento do CDB está relacionado à queda de outros instrumentos de captação bancária. "Isso se deveu mais a falta de lastro das LCIs e LCAs e à queda da letra financeira (LFs). Os grandes bancos não estão precisando de recursos para o médio e longo prazo para emitir LFs. Na falta desses papéis, os fundos estão completando suas carteiras de renda fixa com CDBs", afirmou.
Sales também explicou que a taxa de juros paga por instituições financeiras menores ainda está convidativa para investidores pessoas físicas e tem a segurança do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de R$ 250 mil por CPF.
Mas avisou que os grandes bancos oferecem taxas menores aos aplicadores. "O CDB oferece uma flexibilidade maior para o banco, a instituição pode utilizar o recurso para qualquer tipo de empréstimo", descreveu George Sales.
Edgar Abreu, da PUC-RS, por outro lado, lembrou que o pequeno investidor de Tesouro Direto também se assustou com a volatilidade em títulos públicos federais prefixados (LTNs) e de inflação (IPCA) . "O Selic é mais seguro", diz.
Quanto às outras vantagens do CDB DI sobre aplicações seguras como a poupança, George Sales, citou o rendimento diário de depósito remunerado, enquanto a caderneta só registra o ganho a cada 30 dias. Num exemplo, quem fica 85 dias num CDB DI de liquidez diária recebe os ganhos por esse período, enquanto, na poupança, o ganho seria por apenas dois meses de permanência, com os outros 25 dias sem qualquer remuneração.
Mas o professor alertou o pequeno investidor a fazer contas antes de aplicar num CDB de instituição financeira diferente do seu principal banco. "Com a queda dos juros, a poupança está com uma rentabilidade líquida interessante [6,17% ao ano mais TR] e se faz apenas uma transferência da conta corrente para conta poupança. Num CDB de uma corretora independente precisa-se verificar o custo de fazer um TED ou DOC para outra instituição, se a aplicação for de pequeno valor, o custo com a TED leva esse rendimento maior", comparou Sales. Nos últimos 12 meses, a caderneta de poupança rendeu 7,65%.
Rentabilidade atrativa - Na média calculada pela Anbima, os CDBs registraram rendimento bruto de 11,88% em 12 meses até o final de maio. A aplicação financeira tem a incidência do imposto de renda sobre ganhos de capital, de acordo com o prazo de permanência do investidor. "Quanto maior o prazo, melhor o rendimento", afirma o analista-chefe da Rico, Roberto Indech.
Na corretora em que ele atua, a aporte inicial é de R$ 5 mil. "Temos CDBs de liquidez diária com 100% do DI, enquanto os grandes bancos pagam entre 85% a 90% do DI. Para dois a três anos, pode ser até 116% a 118% do DI", citou.