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11/08/2021

Em cenário de custos crescentes impactando resultados de incorporadoras, Direcional é destaque positivo

Ainda que a companhia tenha tido bons resultados, com fortes margens no período, papéis tiveram queda na Bolsa nesta terça-feira (10)

Em meio à temporada de balanços do segundo trimestre de 2021, as incorporadoras Direcional (DIRR3), Even (EVEN3), Melnick (MELK3) e Mitre (MTRE3) reportaram na noite da última segunda-feira (9) números positivos no período.

Ainda que as companhias tenham apresentado, em sua maioria, crescimento no lucro líquido e na receita, o aumento dos custos em meio à alta da inflação pesou nos resultados de abril a junho deste ano.

Neste cenário, o grande destaque, segundo analistas do mercado financeiro, ficou por conta da Direcional, que reportou uma margem bruta recorde, apesar dos custos crescentes de construção.

Mesmo assim, as ações DIRR3 apresentaram queda na Bolsa brasileira nesta terça-feira (10). Os papéis da companhia encerraram o pregão com queda de 4,2%, a R$ 13,15.

O movimento de queda também foi visto em MTRE3, com baixa de 3,6% na B3, a R$ 10,87.

Já os papéis MELK3 tiveram alta de 0,9%, a R$ 5,50, e os de EVEN3, ganhos de 1%, negociados a R$ 8,87.

Confira a seguir como o mercado interpretou os resultados do segundo trimestre das empresas:

Direcional (DIRR3)

No segundo trimestre, a Direcional apresentou lucro líquido de R$ 40,7 milhões, crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2020.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou cerca de R$ 90 milhões, avanço de 47,8% na mesma margem de comparação. Já a margem Ebitda ajustada cresceu 6,4 pontos porcentuais, para 21,3%.

A margem bruta subiu 5 pontos porcentuais, para 38% – o maior patamar já registrado pela Direcional desde o seu IPO.

Segundo a companhia, a melhora nas margens decorreu da apuração de economias nas obra dos projetos que estão em estágio avançado de construção e, portanto, com menor exposição ao aumento de custo de insumos que tem pressionado todo o setor.

Este, inclusive, foi o grande destaque do balanço, na avaliação de analistas do mercado financeiro.

Em relatório, a XP escreve que os resultados vieram positivos, em linha com o esperado, e que, ao contrário da maioria dos seus pares de mercado, a companhia conseguiu apresentar uma melhora na margem bruta, apesar dos custos crescentes nos materiais de construção.

“O resultado reforça nossa visão positiva para o papel e reiteramos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 20,50 por ação”, escreve o time de análise.

O Bradesco BBI também vê a Direcional se destacando em relação aos pares, ao combinar crescimento de dois dígitos, potencial de valorização e um múltiplo preço sobre lucro de um dígito (de 7,4 vezes estimado para 2022).

Para os analistas, DIRR3 é uma das histórias “mais baratas” na cobertura do banco e permanece como a principal escolha no setor. O Bradesco BBI tem recomendação de outperform (acima da média do mercado) para os papéis e preço-alvo de R$ 20.

Margens surpreendentemente fortes também foram mencionadas pelo Itaú BBA e pelo Credit Suisse.

A avaliação é de que a economia em projetos em estágios avançados de construção, os ajustes no mix de produtos da empresa e uma estratégia de preços aprimorada foram acertados e contribuíram para os números “impressionantes” no último trimestre.

Enquanto o Itaú BBA tem recomendação outperform (acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 19,70, o Credit Suisse tem recomendação neutra.

“Embora reconheçamos a força desses resultados, continuamos céticos em relação às perspectivas para o setor de construção residencial no Brasil, dada a tendência de alta dos custos e um potencial aumento nas taxas de hipotecas”, escreve o Credit Suisse.

Even (EVEN3)

A construtora Even registrou lucro líquido de R$ 54 milhões entre abril e junho deste ano, uma alta de 102% na comparação com o mesmo período de 2020.

Já o Ebitda ajustado teve um crescimento de 17,3% na comparação anual, ficando em R$ 65 milhões.

A receita líquida, por sua vez, cresceu 39,5%, ficando em R$ 522,38 milhões, puxada principalmente pelas vendas de R$ 354 milhões, com VSO consolidada de 16%.

Para o time de análise do Bradesco BBI, os números vieram sólidos, superando as estimativas do banco. A forte posição de caixa da companhia, bem como o valuation atrativo (de 1 vez o preço sobre o valor patrimonial) levou os analistas a reafirmarem a recomendação de compra para EVEN3, com preço-alvo de R$ 15 por ação para o fim de 2021.

Já o Itaú BBA vê os resultados ligeiramente positivos, com uma receita melhor do que o esperado, apesar de a surpresa positiva ter sido parcialmente compensada por uma margem bruta mais fraca e contingências pesadas.

O banco tem recomendação market perform (em linha com a performance do mercado) e preço-alvo de R$ 14,30.

Segundo a XP, embora possa haver uma reação positiva do mercado, a casa optou por manter a visão conservadora sobre a ação e preço-alvo de R$ 13, por ação.

O mesmo aconteceu com o Credit Suisse, que se diz cético em relação às perspectivas para o setor de construção residencial. Segundo os analistas, não há gatilhos claros para que a Even expanda suas margens, ainda que considerando o cenário de aumento de custos.

Melnick (MELK3)

Também em meio à temporada de resultados, a Melnick lucrou R$ 12,32 milhões no segundo trimestre, queda da ordem de 45% ante o lucro de R$ 22,35 milhões registrado em igual período do ano passado.

Já a receita líquida de vendas e serviço teve baixa de 2,16%, a R$ 183 milhões.

De acordo com o Itaú BBA, os resultados da Melnick vieram neutros, com a boa receita sendo parcialmente compensada por margens ainda apertadas e provisões mais altas, levando a um lucro por ação em linha com o esperado.

Do lado positivo, a Melnick foi bastante ativa na aquisição de terrenos, adicionando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 383 milhões ao seu estoque de terrenos, destacam os analistas.

O banco tem recomendação outperform (acima da média do mercado) para os papéis da companhia e preço-alvo de R$ 11,40.

A avaliação é compartilhada pela XP, que destaca que a receita líquida ficou acima do estimado, mas que foi compensada pela margem bruta mais fraca de 24,5% devido ao impacto dos custos mais elevados de material de construção.

“Apesar da pressão momentânea nas margens por conta do aumento dos custos, esperamos uma recuperação gradual nos próximos trimestres à medida que a companhia consiga repassar inflação para os preços”, justificam os analistas.

A XP tem recomendação de compra para os papéis MELK3 e preço-alvo de R$ 9 por ação.

Mitre (MTRE3)

Já a incorporadora Mitre teve lucro líquido de R$ 21,2 milhões no segundo trimestre, alta de 113% na base anual.

A receita líquida, por sua vez, aumentou 153%, para R$ 164,7 milhões, refletindo a aceleração da evolução física de obras e início das atividades em alguns canteiros.

A margem bruta da companhia, por sua vez, passou de 31,9%, no segundo trimestre do ano passado, para 34,7% entre abril e junho de 2021, enquanto a margem bruta ajustada foi de 35,5%.

Ainda que os resultados tenham sido positivos, analistas têm preferido adotar uma posição mais cautelosa para os papéis da companhia.

O Credit Suisse, por exemplo, cita uma possível deterioração das perspectivas para o segmento de média e alta renda diante de um potencial fluxo de notícias negativas em relação às taxas de hipotecas e aumento dos custos.

Para o Itaú BBA, ainda que os resultados tenham superado as expectativas, suportados por uma melhora na margem bruta, a empresa relatou uma grande queima de caixa devido aos desembolsos para a aquisição de terrenos. O banco tem recomendação market perform para os papéis da construtora e preço-alvo de R$ 18,50.

A posição neutra também é adotada pelo Bradesco BBI, que prevê “atritos operacionais que podem ser particularmente onerosos para histórias crescentes como Mitre”.

“Estamos fora do nome, porque preferimos histórias estáveis”, escrevem os analistas, que têm preço-alvo de R$ 19,00 para MTRE3.

FONTE: MONEY TIMES