A Cyrela, mais tradicional incorporadora brasileira focada nas rendas média e alta, pode apresentar, hoje, pela primeira vez, prejuízo líquido trimestral. A maior parte das prévias dos resultados do segundo trimestre consultadas pelo Valor - Bradesco, BTG Pactual, Itaú Unibanco e J.P. Morgan - tem expectativa que a Cyrela tenha registrado perda líquida no segundo trimestre. Apenas o Morgan Stanley estima que a empresa teve lucro.
As projeções de analistas vão desde prejuízo líquido de R$ 166 milhões até lucro líquido de R$ 27 milhões, ante o resultado líquido positivo de R$ 45 milhões de abril a junho do ano passado.
Segundo analistas, o resultado deve ficar negativo em decorrência de R$ 130 milhões de provisões para contingências relacionadas ao Grand Parc Residential Resort, em Vitória, empreendimento em que ocorreu acidente na área de lazer comum a três torres em julho de 2016. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Incortel Incorporações e Construções.
Essas contingências serão diluídas em dois anos, segundo o Bradesco. Sem as provisões, o resultado da Cyrela ficaria próximo ao neutro, conforme o Itaú.
O desempenho da receita líquida da Cyrela, porém, tende a melhorar na comparação anual, conforme as projeções consultadas. A média das estimativas aponta para alta de 13,6% no indicador, para R$ 728,49 milhões.
De abril a junho, a Cyrela lançou o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 640 milhões, com expansão de 7,1% na comparação anual. As vendas da companhia cresceram 35,4%, para R$ 756 milhões. Os números consideram também a participação dos sócios nos empreendimentos.
Espera-se que a venda de estoques contribua para a alta da receita, mas também ajude a pressionar margens para baixo, como resultado de descontos mais elevados. O BTG Pactual estima que a margem bruta cairá dos 47,1% do segundo trimestre do ano passado para 35,6%. O banco projeta geração de caixa de R$ 80 milhões pela Cyrela no segundo trimestre.