Em tempos de turbulência, clientes de alta renda exigem mais atenção de seus gestores. Mais do que o retorno do investimento, segurança é o que mais conta. Para os bancos, a palavra chave é "blindagem do patrimônio". Não basta só assessorar na gestão de recursos. É preciso auxiliar no investimento em ativos não financeiros, que possam resistir aos solavancos das crises.
Aquisição de imóveis no exterior, obras de arte, aeronaves e lanchas estão na mira desses investidores. Segundo o BNP Paribas, no último ano, a preferência dos seus clientes vips foi por imóveis na Europa, com destaque para apartamentos em Paris e pequenas propriedades rurais ou casas de campo na Itália, além de imóveis comerciais em Miami.
"Por conta da crise, o crescimento da procura por ativos imobiliários fora do Brasil é alto. O cliente private, ao invés de reinvestir na sua empresa prefere, nesse momento, ativos líquidos ou financeiros e imobiliários. Até mesmo compra de aeronave ou embarcação", informa Vitor Ohtsuki, superintendente de comunicação do Santander Private Banking.
Quando o interesse é investir fora do país, observa Ohtsuki, o apelo forte tem sido por imóveis. "Os mercados mais demandados são os países da Europa como Portugal, Itália e Espanha. Estados Unidos já foram mais procurados que hoje", afirma.
Os próprios especialistas do Santander se encarregam de garimpar imóveis de alto padrão, fazer mapeamento e criar um portfólio que seja atrativo para o perfil dos brasileiros private. "Constantemente nos reunimos com nossos clientes para discutir esse tipo de investimentos e falar da tendência do mercado imobiliário global", diz. Outro investimento que requer eventos trimestrais, segundo Ohtsuki, são obras de arte. "A cada trimestre selecionamos alguns clientes, do topo da cadeia private, ao lado do nosso parceiro, o The Fine Art Fund Group, que vem ao Brasil falar sobre o tema", explica.
Entre 2011 e 2014, o Bradesco Private assistiu a uma avalanche de brasileiros comprando imóveis em Portugal e, principalmente, na Flórida, nos Estados Unidos. "Tivemos clientes que chegaram a comprar quatro imóveis nesse período, mas essa onda acabou, porque os preços não são mais atraentes. Há uma queda de 90% no interesse nesse tipo de investimento por conta do câmbio a R$ 3,50", informa João Albino Winkelmann, diretor do Bradesco Private. Com investimentos mínimos de R$ 3 milhões no banco o cliente Bradesco tem livre acesso a tomar empréstimos para financiamento imobiliário de até 30 anos.
Segundo Mauro Rached, diretor do BNP Paribas Wealth Management Brasil, uma equipe de especialistas assessora desde o processo de escolha de uma aeronave, por exemplo, até o seu financiamento, no Brasil e no exterior. "Globalmente, o banco tem assessoria para o cliente investir em objetos de arte, principalmente esculturas e quadros, aeronaves e vinícolas europeias. Fazemos inclusive cotação de preços", afirma. No último ano, a preferência dos clientes private foi por aquisição de imóveis na Europa com destaque para apartamento em Paris.