Eduardo Cucolo
Uma das principais ferramentas usadas para impulsionar o crescimento econômico nos governos petistas, o crédito bancário deve registrar em 2015 o pior desempenho desde 2003, início do governo Lula.
O saldo de operações de crédito a empresas e consumidores deve crescer 9% neste ano, segundo o Banco Central.
Em março, o BC havia projetado crescimento de 11%, praticamente o mesmo resultado de 2014. Os dados verificados até maio, próximos a 10%, no entanto, mostraram um desempenho pior do que o esperado.
A maior desaceleração esperada para este ano é no crédito com recursos controlados pelo governo, o que inclui empréstimos do BNDES para empresas e imobiliário para pessoas físicas. Depois de crescer 24% em 2014, esse saldo deve avançar 14% neste ano, segundo o BC.
Desde o ano passado, o governo tem cortado o subsídio para o crédito do BNDES. Essas concessões caíram cerca de 25% nos cinco primeiros meses deste ano.
Em relação aos consumidores, o crédito imobiliário tem sido afetado pela falta de dinheiro da poupança, pelas restrições impostas pela Caixa e pelo aumento dos juros. Essas concessões cresceram menos de 1% neste ano. De abril para maio, a queda foi de 29%.
"O comportamento do crédito segue o ajuste macroeconômico em curso iniciado em 2014, em particular o próprio ciclo de aperto monetário, que acaba repercutindo nas diversas modalidades de crédito", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
"Também faz parte desse cenário o próprio crescimento da atividade econômica. Esses fatores se refletem tanto do lado da oferta como da demanda."
Na média, a taxa de juros do crédito ao consumo passou de 48,8% em maio do ano passado para 57,3% ao ano em maio deste ano, de acordo com a pesquisa de crédito do BC. O número é novo recorde para a série iniciada em março de 2011.
A inadimplência, que estava em 5,7% em maio do ano passado, caiu para 5,4% neste ano no crédito para pessoas físicas com taxas de mercado.
Para as empresas, o quadro se mostra mais preocupante. A inadimplência tem crescido mês a mês desde o ano passado e chegou a 4%, maior valor desde 2009, época em que o mercado de crédito travou por causa da crise internacional. As concessões recuaram no ano, inclusive no crédito com recursos livres. A taxa média, nesse caso, está em 27%, também recorde.
No crédito ao consumo, destaca-se também o encolhimento no estoque de empréstimos para compra de veículos, que recuaram 6,6% nos 12 meses encerrados em maio.