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27/06/2025

Contrariando estereótipo de desapego material, jovens despontam nos financiamentos imobiliários – Valor Investe

Entre os jovens de 18 a 30 anos têm despontado o número de financiamentos imobiliários. A faixa etária mais do que duplicou o número de contratos no programa nos últimos anos. A faixa etária, que há cinco anos representava 28,3%, agora é a maior parte dos contratantes do crédito imobiliário, com 61,4%

Por Larissa Maia

Contrariando o estereótipo de público desapegado aos bens materiais, entre os jovens de 18 a 30 anos, conhecidos como Geração Z, têm despontado o número de financiamentos imobiliários pelo Minha Casa Minha Vida (MCMV) no país. A faixa etária mais do que duplicou o número de contratos no programa nos últimos anos, segundo dados de um levantamento feito pela MRV&CO para o Valor Investe.

A Geração "Z" contempla os nascidos entre os anos de 1995 e 2010, enquanto a geração anterior, "Y" ou "Millennial", abarca o perfil demográfico de 1980 a meados dos anos 90.

Os dados mostram que essa geração mais jovem conquistou uma forte presença na realização do sonho de casa própria: a faixa etária, que há cinco anos representava 28,3%, agora é a maior parte dos contratantes do crédito imobiliário, com 61,4%. O levantamento foi feito utilizando contratos de 2020 até maio de 2025 da base de clientes da MRV, uma das principais do segmento MCMV.

De acordo com Thiago Ely, diretor executivo comercial e de marketing da construtora, o crescimento expressivo da participação desse público na compra da casa própria mostra uma transformação importante no setor.

“Esse aumento de 43,9 pontos percentuais é reflexo direto de uma combinação de fatores: maior acesso à informação sobre educação financeira, valorização da independência e, principalmente, o fortalecimento de programas de habitação como o Minha Casa Minha Vida, que vem se mostrando decisivo para viabilizar o sonho da casa própria para essa faixa etária”, diz Ely.

Segundo Ely, a elevação da fatia desse público no crédito habitacional mostra que os jovens estão antecipando planos que antes eram adiados por falta de acesso ao crédito ou pela informalidade no trabalho. “Hoje, com mais opções de financiamento, subsídios e condições mais acessíveis, se consegue atender esse público com produtos pensados para a sua realidade tanto no tamanho, quanto na localização e na faixa de preço”, pontua.

"Quem nunca teve um lar, está em busca de um lar", diz Nath Finanças

No debate entre financiar ou alugar um imóvel, Nath Finanças, influenciadora do ramo de educação financeira e defensora da casa própria, destaca que cada perfil brasileiro tem uma demanda diferente de vida e que o perfil de consumo mudou entre as gerações ao longo dos anos, o que influencia diretamente a decisão dos jovens de financiar ou não um imóvel.

“Se formos comparar há 20 anos, os nossos pais, na idade da Geração Z de hoje, simplesmente já tinham filhos, estavam construindo família, casados e com o processo de comprar ou construir a casa própria. Hoje o jovem tem outra visão. Ele não pensa em construção de família no agora e sim em viajar, a ter acesso a outras coisas que os nossos pais não tiveram”.

Isso inclui a conquista da casa própria pelos pais desses jovens — ou, em muitos casos, a ausência de condições para que essa conquista se realizasse, especialmente entre aqueles cujos pais não conseguiram tirar esse sonho do papel.

Ela comenta que os principais relatos que recebe de seus seguidores que estão buscando financiar ou já financiaram vêm das gerações millennial e Z, de jovens que testemunharam os pais enfrentando dificuldades para ter moradia fixa, saindo de casa em casa — ou sendo expulsos, em alguns casos — precisando se mudar constantemente, sendo despejados e vivendo períodos de escassez e insegurança.

"[Estes jovens] param para pensar e falam: ‘opa, eu não quero passar por isso nunca mais. Eu não quero ver minha família passando por isso nunca mais’, e isso geralmente vem de pessoas de baixa renda e não pessoas que já tiveram tudo. Quem já teve tudo, não precisa se preocupar em relação a isso porque já tem o pai ou uma mãe que já tem casa. Mas quem nunca teve um lar, está em busca de um lar”, descreve a influenciadora.

E como se organizar para financiar um imóvel?

Nath ressalta que o patamar atual da Selic, a taxa básica de juros da economia — atualmente em 15% — não ajuda quem quer financiar. Isso porque a Selic impacta o fornecimento de crédito, como é o caso do financiamento imobiliário. No entanto, diz ela, para quem quer ter um teto, vale a pena porque "nada é melhor do que você ter paz e paz de poder fazer o que bem entender na sua casa".

"Claro que ela não é sua 100% ainda, ela é do banco naquele momento, mas a possibilidade de você ser despejado é muito menor comparado a você viver de aluguel”, comenta a influenciadora.

A influenciadora ressalta que o primeiro passo para quem deseja concretizar o sonho é entender que, para realizar aquele objetivo, será necessário abrir mão de muitas coisas. “Esse sonho não é fácil, é árduo, é um caminho difícil, mas é um caminho que te ajuda muito para conseguir ter um lar”.

O segundo passo é limpar o nome, caso a pessoa esteja com nome sujo. Além disso, entender as formas de entrada do imóvel — como utilizar o saldo do FGTS —, como comprovar a renda sendo CLT ou autônomo e, caso se enquadre nos critérios, financiar pelo programa Minha Casa Minha Vida, já que o programa oferece taxas de juros menores, além de subsídio em alguns casos, o que permite que pessoas de baixa renda consigam tirar o sonho do papel.

FONTE: VALOR INVESTE