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15/07/2016

Construtoras lançam imóveis de olho na demanda que virá depois de 2018

Os lançamentos vão contabilizar um Volume Geral de Vendas (VGV) de R$ 170 milhões

São Paulo - Partindo do princípio de que o pior da crise já passou, construtoras começam a ensaiar um movimento de retorno dos lançamentos de empreendimentos. A estratégia, para economistas e empresários, é uma saída inteligente, já que o imóvel só será entregue quando, se tudo der certo, a economia voltar a crescer.

"A estratégia é muito assertiva. Hoje, além da desconfiança com a economia, o que impede o brasileiro de comprar imóvel é o juro do banco. No entanto, comprando um lançamento agora, o consumidor terá que se comprometer com o banco daqui a três anos, quando o imóvel for entregue. Até lá, a tendência é de melhora de toda a economia", resume o professor de macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jonas Frederico da Costa, especialista em mercado imobiliário e consultor.

A visão do acadêmico vem em linha com a estratégia de muitos empresários. Na Terrasse Engenharia, por exemplo, o diretor da empresa, Osmar Nobolu Kassuia, garante que o momento é bom para lançar e colher frutos futuros. "Estamos focando no longo prazo, para daqui a dois ou três anos, quando esperamos que a economia tenha retornado à normalidade".

A empresa anunciou um plano agressivo, com lançamento de cinco empreendimentos em Curitiba até o primeiro semestre do ano que vem. Os lançamentos vão contabilizar um Volume Geral de Vendas (VGV) de R$ 170 milhões.

Segundo o executivo, em um cenário em que as construtoras estão pisando no freio, quem tiver ativos prontos para quando a economia voltar a crescer terá vantagens. "Optamos por investir, nos preparando para um ciclo virtuoso que deve começar nos próximos anos", disse ele, lembrando que três deles serão lançados ainda este ano.

Facilidades e oportunidades - A lógica de lançar agora, lembram Costa e Kassuia, também está atrelada a maior facilidade do comprador de pagar a entrada. "Hoje as pessoas não têm dinheiro guardado e, se têm, não está arriscando. A vantagem de comprar um imóvel na planta é que você tem dois anos para parcelar a entrada", comenta o professor.

A estratégia da Terrasse parece ter sido adotada por outras construtoras. Segundo o indicador da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), divulgado ontem, em maio foram lançadas 5,6 mil unidades, um aumento de 218% na comparação anual. "O humor já está diferente, pois vemos que a inflação está mais contida e a balança comercial dá sinais positivos", aponta o diretor da Abrainc, Luiz Fernando Moura.

Apesar da boa sinalização, Renato Ventura, vice-presidente executivo da entidade, ressalta que ainda é cedo para apostar em retomada do setor. "O desempenho do mercado imobiliário precisa ser analisado por um período maior. Desta forma, os números indicam um aumento pontual", completa o executivo.

No acumulado de 2016 (até maio), os lançamentos totalizaram 21.406 unidades, número 24,7% superior ao observado no mesmo período de 2015. Considerando os últimos 12 meses, o total lançado de 68.270 unidades representa alta de 5,5% face ao observado no período precedente.

Apesar da alta nos lançamentos, as vendas alcançaram 8.496 unidades, recuo de 4,1% em relação ao mês de maio de 2015. No acumulado de 2016, as unidades vendidas somaram 39.472, queda de 14,7% frente ao observado no mesmo período do ano anterior. Nos últimos 12 meses, foram vendidas 105.408 unidades, volume 13,6% inferior se comparado ao total de vendas em 2015.

Já os cancelamentos de vendas (distratos) subiram 1% na comparação anual, e recuaram 3,1% no ano. No fim de maio, o estoque no mercado era de 114,8 mil unidades, equivalente a 14 meses de vendas. Em abril, o estoque era de 113 mil unidades e em maio de 2015, de 108 mil.

Aluguel - Para além da compra de imóveis, o valor da locação no Brasil também tem movimentado o setor. Ontem o Índice FipeZap apontou que, no primeiro semestre, o valor cobrado no metro quadrado para aluguel recuo 1,78%. Nos últimos doze meses a retração chega a 5,2%. Levando em consideração a inflação medida pelo IPCA nos últimos 12 meses (8,84%), o Índice apresentou uma queda real de 12,93%. Todas as cidades monitoradas pelo Índice mostraram resultados inferiores à inflação no período, sendo Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Santos, Distrito Federal e Campinas tiveram quedas nominais no preço médio de locação.

FONTE: DCI