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15/03/2016

Consórcios tendem a crescer no ano, mas participação será mais cautelosa

O mercado de consórcios tem sido favorecido pelo atual cenário econômico. Apesar do contínuo crescimento, no entanto, consumidores tendem a ser mais cautelosos para adquirir novos bens ou fazer novos investimentos, avaliam especialistas do setor.

Isabela Bolzani

O mercado de consórcios tem sido favorecido pelo atual cenário econômico. Apesar do contínuo crescimento, no entanto, consumidores tendem a ser mais cautelosos para adquirir novos bens ou fazer novos investimentos, avaliam especialistas do setor.

Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), a venda de novas cotas cresceu 1,3% em janeiro deste ano em comparação a mesmo período do ano passado, indo de 199 mil em 2015 para 201,5 mil em 2016.

Para Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da instituição, o crescimento do mercado está diretamente relacionado à "maturidade" dos consumidores.

"Tem uma série de aspectos, mas, basicamente, é uma mudança de comportamento do consumidor, que está substituindo a compra por impulso pelo planejamento", afirma o presidente.

Em pesquisa feita pela Abac por meio da Quorum Brasil, 69% dos consorciados entrevistados afirmaram ter planejado a compra em 2015.

Já de acordo com Rogerio Pereira, diretor comercial da Embracon, um dos fatores que influenciam o mercado é o momento de escassez de crédito e de altas taxas de juros, trazendo o consórcio como uma saída tanto na aquisição de bens quanto como um investimento.

"O cenário econômico favorece esse mercado até porque o dinheiro se torna mais caro e o consórcio, por não estar atrelado à taxas de juros, acaba sendo uma alternativa de crédito para o mercado. Além disso, por não ter a cultura de depositar dinheiro, o brasileiro acaba vendo esse produto como uma poupança forçada ou programada, onde mensalmente ele vai acumulando um dinheiro que, em médio e longo prazo, será dele", avalia.

Ainda segundo pesquisa da Abac e da Quorum Brasil, em 2015, a intenção de adquirir um imóvel lidera as opções nos tipos de investimentos futuros, com 44% dos entrevistados. Em seguida vem consórcios com 42%, poupança e previdência privada, ambos com 31%, fundos de investimentos (7%) e ações (1%).

Desta forma, em relação às perspectivas do mercado para este ano, os especialistas ouvidos pelo DCI destacam o contínuo crescimento do setor.

"As perspectivas do mercado, no geral, são boas. Por um lado o cenário de retração de credito e juros altos atrai mais clientes para a modalidade de consórcios, por outro lado, preocupa os níveis de desemprego e perda de renda por conta do atual cenário, o que exige uma atenção maior na hora de formação dos grupos. Mas os efeitos positivos já têm sido percebidos pelo mercado através dos volumes de ativos administrados, onde saímos de R$ 151 bilhões em 2014 para mais de R$ 162 bilhões em 2015, um crescimento na ordem de 6,7%", avalia Marciano Testa, presidente da Agiplan.

O diretor de consórcios da Mapfre, Renato Fernandes, , identifica que as maiores facilidades e "os novos tetos de financiamentos anunciados [pela Caixa] na semana passada", não terão influencia sobre o mercado no setor imobiliário.

"Mesmo com a maior liberação de credito, nós acreditamos que o consórcio de imóvel, por exemplo, continuará crescendo. Ele foi o que mais cresceu, com alta de 40%, enquanto o mercado total de consórcios cresceu 13,9%. No geral, nós apostamos em um 2016 com índices semelhantes ou um pouco piores de crescimento", afirma o especialista.

Devedores - Em relação à inadimplência no segmento, no entanto, os especialistas ressaltam que o momento de indefinições acaba não somente influenciando na confiança do consumidor na hora de adquirir um consórcio, mas também gera um aumento no número de contemplados devedores.

Fernandes, da Mapfre, afirma que o número de inadimplentes na administradora chegou a alcançar alta de 12%.

"Tem que ter um planejamento por parte do consorciado, para que ele veja quanto é que cabe no bolso dele para que ele consiga ficar pagando essas parcelas. Além disso, é preciso ter em mente que se o consumidor pretende adquirir um imóvel ou um carro em um período de seis meses, não é via consórcio que vai conseguir. Esse é um investimento de longo prazo", conta.

"Hoje a gente vive uma crise de confiança. O consumidor não está confiante no que vai acontecer na economia e ele também não se sente seguro quanto ao emprego. Apesar de ainda ter muita gente apostando no mercado de consórcios, os consumidores se mostram um pouco apreensivos nesse momento de instabilidade, e assim devem continuar, dependendo dos rumos da economia", conclui Rossi.

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP