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12/01/2021

Cimenteiras pedem vacina e as reformas econômicas

Depois de crescer 11%, em 2021, comercialização aumentará só 1% neste ano

Em um ano difícil, marcado pela pandemia de covid-19, as vendas de cimento, no país, tiveram desempenho inesperado pela indústria. O volume comercializado cresceu 10,9%, em 2020, em relação ao ano anterior, para 60,8 milhões de toneladas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). “Foi um desempenho absolutamente surpreendente”, disse ao Valor o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna, ao divulgar os números do ano passado e apontar as perspectivas do setor para 2021.

Diante de incertezas em relação à pandemia e macroeconômicas e do fim do auxílio emergencial concedido pelo governo a uma parcela da população, o SNIC projeta expansão de 1% do volume a ser comercializado neste ano. É que a base é alta. Em 2020, o desempenho do setor resultou, principalmente, do benefício recebido por uma parcela da população, da autoconstrução residencial e comercial e das obras imobiliárias.

 

“A vacina é fundamental para a retomada da economia, seguida pelas reformas estruturantes, com destaque para a administrativa e a tributária”, afirma Penna, acrescentando que há preocupação que a situação atual da pandemia se agrave devido às festas de fim de ano. As vendas de cimento serão beneficiadas conforme o desempenho do programa habitacional Casa Verde Amarela e aceleração das obras de saneamento obras decorrentes do novo marco regulatório para o setor, de acordo com o presidente do SNIC.

Na avaliação de Penna, os resultados do primeiro trimestre serão importantes, considerando-se que as vendas de cimento foram muito afetadas pelo excesso de chuvas, nos dois primeiros meses do ano passado, e pela pandemia na segunda metade de março. “Será complicado superar os números, em base anual, de maio em diante”, afirma. Em abril, a queda alcançou quase 6% - o mês crítico.

No início do ano passado, a entidade que representa as fabricantes de cimento projetava alta de 3% nas vendas. Em abril, após forte queda da demanda, a estimativa passou a ser de retração de 7% a 9%. Com a retomada gradual a partir de maio e a forte expansão de quase 27% em junho, na comparação anual, a expectativa se inverteu completamente e voltou a ser de crescimento.

O total de 60,8 milhões de toneladas comercializadas, no acumulado do ano, possibilitou que o setor cimenteiro retomasse o patamar de vendas dos 12 meses encerrados em junho de 2016.

Em dezembro, as vendas aumentaram 16,6%, ante o mesmo mês de 2019, para 4,7 milhões de toneladas. Por dia útil, porém, houve redução de 13,2% da comercialização do insumo, para 208,4 mil toneladas, no mês em relação a novembro. Desde setembro, o auxílio emergencial foi reduzido pela metade. A partir deste mês, a concessão está suspensa. O benefício tinha contribuído para o incremento de vendas, principalmente no Nordeste.

Atualmente, o setor conta com capacidade instalada para fazer 94 milhões de toneladas de cimento ao ano. Encerrou 2020 com utilização de 65% dessa capacidade - 54 fábricas integradas e 39 moagens. “Toda a produção é direcionada para atender ao mercado interno”, afirma.

Segundo o presidente do SNIC, a indústria assegura a continuidade do abastecimento de cimento para todas as regiões do Brasil. Ele ressalta que fornos vêm sendo religados pelo país conforme a demanda, bem como unidades de moagem. “A demanda, a partir de maio, teve crescimento abrupto, em meio a uma crise que envolveu todos setores do país”.

Por outro lado, o setor tem sentido forte pressão de custos de produção, como os de coque (oriundo do petróleo), sacaria e energia elétrica. Para tentar minimizar esses impactos, a indústria do cimento vem investindo, por exemplo, na substituição de parte do coque por combustíveis alternativos.

Para 2021, o SNIC trabalha com expectativa que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3,3%, e que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha alta de 3,5%.

FONTE: VALOR ECONôMICO