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12/09/2019

Caixa estuda linha de financiamento habitacional com juros fixos, sem correção

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, reafirmou que o banco estuda lançar uma linha de financiamento habitacional com taxa de juros fixa

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, reafirmou que o banco estuda lançar uma linha de financiamento habitacional com taxa de juros fixa, sem qualquer tipo de correção, como TR (Taxa Referencial) e inflação (IPCA). Ele disse que essa nova modalidade de crédito imobiliário está sendo discutida com o ministro da Economia Paulo Guedes e deverá estar disponível em até dois anos.

— Daqui a um ano e meio, dois anos, a gente começa a emprestar sem correção nenhuma, de IPCA e de TR — disse Guimarães em evento realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

Ele aproveitou e fez uma balanço da linha de financiamento corrigida por IPCA mais juros entre 2,5% e 4,95% ao ano, lançada no fim de agosto. Em menos de um mês, foram emprestados R$ 100 milhões nessa modalidade e outros R$ 500 milhões em empréstimos já foram analisados pelo banco. O número de consultas no site chegou a 2,1 milhões, no período.

— Há casos em que as pessoas acham que as simulações no site estão erradas porque o valor da prestação cai muito ¬— disse o presidente da Caixa.

Ele admitiu que há risco inflacionário nessas operações, mas que isso é mais preocupante nos primeiros cinco anos do contrato. Contudo, o cenário existente hoje no Brasil é de queda na inflação. Por isso, a Caixa tem planos para lançar uma modalidade sem correção, explicou.

Para especialistas, a retirada da TR descasa o crédito habitacional dos seus principais fundings: o FGTS e a poupança.

— Hoje os recursos para o crédito imobiliário são corrigidos pela TR, e é difícil imaginar que os bancos vão ficar desprotegidos. O presidente da Caixa tem lançado a ideia de que é preciso mudar o funding habitacional, mas ainda não está claro como isso será possível no curto prazo. Muito menos para habitação social, como o Minha Casa, Minha Vida, em que é preciso um recurso barato. Nenhum funding será tão social como o FGTS — afirma Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.

O presidente da Caixa assegurou ainda que os atrasos nas operações de crédito do programa "Minha casa, minha vida" começam a ser regularizados nesta quarta-feira e devem estar totalmente normalizados até quinta-feira.

Guimarães afirmou que a Caixa quer securitizar (vender) as primeiras carteiras de crédito atreladas à inflação ainda este ano. Assim que o volume atingir R$ 1 bilhão, destacou, metade será securitizada.

A demanda chega a R$ 30 bilhões, disse ele. Já os contratos atrelados à TR, atualmente zerada, não despertam interesse de investidores. Na avaliação dele, isso ocorre porque a definição da TR é complexa e envolve critérios subjetivos por parte do Banco Central.

No evento, Guimarães defendeu a busca de alternativas para que o setor da construção não fique dependente do governo e das fontes tradicionais como FGTS e poupança. Para ele, a securitização é a solução.

— Todos nós queremos previsibilidade e isso vem com a possibilidade de ficar menos dependente do governo e ter o mercado financiando o setor, como ocorre em outros países.

FONTE: EXTRA