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02/10/2015

Caixa decide adiar abertura de capital da Caixa Seguridade

No entanto, se a oferta fosse levada adiante, no atual ambiente, a cifra poderia cair para menos da metade, conforme as mesmas fontes.

Fernanda Guimarães Aline Bronzati / Murilo Rodrigues Alves

 

 O governo desistiu de abrir neste ano o capital da Caixa Seguridade Participações, nova empresa que foi criada para reunir todas as companhias de seguro do banco estatal. A decisão foi tomada oficialmente ontem em reunião do conselho de administração da Caixa, da qual participam representantes do banco estatal e dos ministérios da Fazenda e do Planejamento. 

A expectativa anterior era que a operação poderia ser feita ainda neste ano, mas agora a previsão é que só se daráem2016.A decisão, segundo o banco, está ancorada no “momento atual do mercado”. A abertura de capital da Caixa Seguradora é uma das receitas extras que o governo contava para fechar as contas deste ano com superávit. A estimativa era arrecadar,nomínimo,R$4bilhõesem impostos com a operação. 

Os bancos envolvidos na operação já haviam sugerido o adiamento com o respaldo de que uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) neste momento, de forte aversão ao risco, significaria, na prática, um grande desconto no valor da companhia. A previsão inicial era de que o IPO ocorresse no fim de outubro e movimentasse R$ 10 bilhões, segundo fontes. No entanto, se a oferta fosse levada adiante, no atual ambiente, a cifra poderia cair para menos da metade, conforme as mesmas fontes.

 Antes mesmo da piora no cenário, com a perda de selo de bom pagador do Brasil pela Standard&Poor’s (S&P), o IPO da Caixa Seguridade em outubro já estava em xeque visto que um atraso nas negociações para renovação antecipada do contrato de exclusividade para a venda de seguros com os sócios que controlam a companhia, a CNP Assurances, havia comprometido a realização da operação nessa janela. 

Os franceses chegaram a ofertar R$ 10 bilhões para renovar o contrato de forma antecipada, mas, não atingiram um consenso com o banco público na forma de pagamento.

RB Brasil - No momento, há dois IPOs em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além de Caixa Seguridade, o ressegurador IRB Brasil Re também planejava sua oferta para este mês, mas a emissão também foi adiada, segundo fontes. Neste caso, se o mercado tiver uma melhora, a oferta pode acontecer em dezembro, última janela possível neste ano. 

As duas operações foram lançadas no contexto do ajuste fiscal proposto pelo governo e, com as postergações, são duas receitas anteriormente contabilizadas para 2015 que podem não se concretizar. O governo conta com R$ 5 bilhões em concessões e permissões neste ano. A meta de superávit para a União é de R$ 5,8 bilhões. 

Os IPOs no Brasil são muito dependentes de estrangeiros, que na média histórica acabam ficando com cerca de 70% das ações ofertadas. No entanto, como muitos players já dão como certo a perda de mais um selo de bom pagador pelo Brasil, muitos investidores com mandatos que restringem investimentos nessa situação já começam a se posicionar para essa realidade.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO – PáG. B8