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09/11/2015

Brasileiros tentam evitar altos custos com imóvel nos EUA

A meta é evitar que o sonho do estilo de vida americano não vire pesadelo, com a valorização do dólar frente ao real, que elevou muito os custos fixos.

Davi Brandão

Os brasileiros que investiram em imóveis nos EUA de olho nos altos ganhos agora correm para conseguir alugar os espaços e, assim, rentabilizar seu patrimônio. A meta é evitar que o sonho do estilo de vida americano não vire pesadelo, com a valorização do dólar frente ao real, que elevou muito os custos fixos.

O número de brasileiros procurando um imóvel nos EUA ganhou força entre 2008 e 2011, quando o país enfrentava uma das mais graves crises econômicas e trazia opções atraentes para investimento, especialmente no mercado imobiliário.

Mas nos últimos 10 meses as vendas de imóveis caíram cerca de 10%, de acordo com o diretor de operações internacionais da RealtOn, Elton Oliveira. "Os brasileiros estavam entre os dez principais consumidores de imóveis na Flórida, mas com a alta do dólar registramos uma retração entre estes investidores", explica.

Segundo o executivo, além da diminuição de novos negócios, houve perdas em contratos recém firmados. "Muitos brasileiros que compraram imóveis na planta acabaram desistindo do negócio", pontua.

Para o especialista, o atual cenário mexe, especialmente, com um público que ele nomeia como classe alta emergente, que chegou a realizar venda de imóveis no Brasil para comprar residências em solo americano. "Não existem perdas de investimentos, mas o mercado percebe que há uma busca por alternativas para sanar as despesas com dólar".

Segundo o diretor, com a variação de quase 150% na moeda nos últimos quatro anos, as despesas como condomínio e imposto predial quadruplicaram. "As idas e vindas de grande parte dos brasileiros caíram muito e manter um imóvel parado, com custos fixos, se torna algo não lucrativo".

Alternativa rentável

Com escritório nos EUA, a consultora Simone Oliveira, proprietária da América Expert, diz que o número de investidores brasileiros que buscam saber sobre as burocracias contratuais do mercado cresceu muito. Por isso, atualmente, o área de locação da empresa já representa 35% da demanda. "O estopim da mudança de comportamento foi quando o dólar ultrapassou a casa dos R$ 4. Quem comprou imóvel agora quer arrumar um jeito para manter o investimento".

Além do custo alto para operar, explica a executiva, em época de economia difícil, as viagens ao exterior também recuaram. "Com a economia positiva, o brasileiro fazia visitas periódicas e por vezes trocava a visita ao condomínio do Guarujá para vir para Miami. Agora muitos estão com um grande "elefante branco" nas mãos", lamenta.

De acordo com Simone, um apartamento com 150m², cujo o comprador investiu em média US$ 400 mil, tem custas estimadas de US$ 800 ao mês de condomínio e US$ 4 mil de IPTU ao ano. A melhor alternativa é alugar o espaço, o que pode garantir média de US$ 2,5 mil. "Na maioria das vezes os contratos de locação são feitos com empresas que necessitam da presença do executivo durante um período, intercambistas e até turistas", disse ela ao DCI.

Retomada dos EUA

Passado o pior momento da crise norte-americana, o sócio-proprietário da consultoria imobiliária, sediada em Miami, Elite International Realty, Leo Ickowicz, explica que há um momento de adaptação do mercado local. "O setor imobiliário está em momento de reajustes de preços, em virtude do desaquecimento das compras realizadas pelos investidores estrangeiros", disse.

Para o empresário, muitos brasileiros que assumiram dívida em dólar também mantém negócios no Brasil e a atual situação da economia leva a buscar novas alternativas. "Um número crescente de brasileiros que têm de imóveis residenciais buscam opções em áreas comerciais, por ser mais atrativo".

De acordo com Leo, os locadores contam com contratos a longo prazo, que chegam a mais de 20 anos para grupos sólidos . "Sempre ofertamos imóveis comerciais aos investidores e nos últimos meses temos um aumento de interessados. O retorno com rentabilidade anual, por exemplo, gira entre 4% e 8% do ano, além da modalidade que chamamos de triple net, onde o inquilino assegura despesas como manutenção, impostos e o seguro do imóvel comercial alugado", detalha.

Bons resultados

Com crescimento exponencial, Ickowicz destaca os bons contratos realizados por investidores brasileiros, que elevam sempre a rentabilidade do patrimônio adquirido no território norte-americano. Como exemplo, ele cita um imóvel localizado Jacksonville, na Flórida. O imóvel orçado em US$ 1,6 milhão rende de locação o valor de US$ 103 mil ao ano, resultado de uma negociação com a rede Burguer King com vigência até 2027. O consultor cita ainda outra negociação, realizada na mesma cidade, cujo imóvel de 730 metros quadrados, e o proprietário investiu US$ 1,1 milhão e conta com locação anual de US$ 67,2 mil, que estão garantidos até 2024. 

 

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP