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10/11/2015

Apenas metade do crédito do país é afetado pela política monetária do BC

Esse grupo é composto, principalmente, por três modalidades de financiamentos – os destinados ao setor agrícola, os imobiliários e os desembolsos do BNDES.

Gustavo Patu e Isabel Versiani

Em queda contínua nos últimos anos, a parcela dos financiamentos e empréstimos bancários diretamente afetados pelos juros definidos pelo Banco Central representa hoje pouco mais da metade do volume de crédito do país.

São 50,9%, o menor percentual nas estatísticas disponíveis desde a década passada. A queda, iniciada no final do governo Lula, põe em xeque a eficácia da política monetária.

Até 2008, algo como dois terços do crédito nacional se originavam de decisões espontâneas dos bancos, com recursos de utilização livre. No terço restante, agora metade, estavam operações sujeitas a regras e taxas impostas pela legislação.

Esse grupo é composto, principalmente, por três modalidades de financiamentos –os destinados ao setor agrícola, os imobiliários e os desembolsos do BNDES.

Em comum, todos se valem de recursos garantidos em lei, como parte do dinheiro das cadernetas de poupança e do Fundo de Amparo ao Trabalhador, e aplicam taxas tabeladas ou subsidiadas.

Anomalia - Tradicional no sistema financeiro nacional, o crédito direcionado por orientações legais ou governamentais é uma das explicações mais frequentes para as anomalias da política monetária do país, onde os juros estão entre os mais elevados do mundo.

Por esse raciocínio, o BC precisa de taxas mais altas para controlar o crédito, a demanda e a inflação, porque uma grande parte dos financiamentos bancários se mantém imune a suas decisões.

"A Selic acaba sendo mais alta do que o necessário, o que afeta o custo de todos os empréstimos", afirma o economista Lívio Ribeiro, pesquisador do Ibre-FGV.

De abril de 2013 para cá, a taxa do BC, a Selic, subiu de 7,25% para 14,25% ao ano, enquanto os juros médios do crédito direcionado aumentaram de 7,22% para 9,77%. Já as taxas do crédito livre saltaram de 30,6% para 46,2%. 

FONTE: FOLHA DE S. PAULO