Segundo Galípolo, trata-se de uma transição estrutural e que deve ocorrer gradualmente.
“Estamos trabalhando para ver se a gente consegue fazer esse caminho de transição, do modelo antigo para um modelo novo. Não vai ser nada do dia para noite, vai ser um processo longo, a poupança está aí há muitos anos. Utilize a poupança para financiar esta transição para um modelo novo, que vai poder nos tornar mais parecido que a gente vê com nossos pares do ponto de vista do crédito imobiliário”, afirmou Galípolo durante reunião da Frente Parlamentar Empresarial (FPE).
A proposta do BC já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu celeridade no desenvolvimento do novo modelo. O foco do governo é impulsionar o financiamento da casa própria, especialmente para a classe média, com imóveis de até R$1,5 milhão.
Entre as mudanças estudadas, está a flexibilização do volume de recursos da poupança retido no BC e a criação de mecanismos para tornar mais atraentes os contratos de financiamento atrelados ao IPCA, índice oficial de inflação.
Participação da poupança no crédito imobiliário está em queda
Embora a poupança ainda seja a principal fonte de funding do mercado imobiliário, sua participação tem diminuído. Isso ocorre em meio à migração de recursos da caderneta para outras aplicações mais rentáveis, impulsionadas por taxas de juros elevadas.
“E a poupança é ainda hoje a principal fonte de recursos para financiar o mercado imobiliário. Mas como podemos ver aqui, a gente tem uma participação do financiamento do crédito imobiliário no PIB muito menor do que os nossos pares, como Chile, Tailândia, África do Sul e México”, ressaltou Galípolo.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no fim de 2021, a poupança representava 46% do funding dos financiamentos habitacionais. Esse número caiu para 32% ao final de 2023, reforçando a necessidade de buscar novas soluções para o setor.