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05/09/2025

‘Efeito Rebouças’ agita alto padrão em Pinheiros – Valor Econômico

Chegada de novos prédios corporativos na avenida trouxe altos executivos e empresários para a região, aquecendo a busca por moradia mais sofisticada

A chegada de novos edifícios corporativos “triple A” à Avenida Rebouças, que conecta dois polos econômicos de São Paulo — as regiões da Paulista e da Faria Lima —, tem estimulado o segmento de imóveis residenciais de alto padrão no entorno de toda a via. A oferta busca atender à demanda por moradia fixa ou temporária de executivos e empresários cujas empresas se instalaram na avenida e que desejam estar mais próximos do local de trabalho.

A Avenida Rebouças vem passando por uma intensa renovação imobiliária desde a implantação do Plano Diretor Estratégico da cidade, em 2016. A partir da nova lei, a via passou a ser enquadrada como uma Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEU), onde a verticalização foi incentivada para promover o adensamento populacional ao redor de sistemas de transporte público.

Grandes companhias como Nubank, Stone e Netflix já se instalaram na Rebouças. Mais recentemente, a Amazon anunciou sua mudança para o endereço, no Edifício Biosquare, em construção pela GD.8 Incorporadora e Kinea Investimentos. Com elas, veio a pressão de demanda por moradia mais sofisticada em seu entorno.

“Acredito que seja um movimento natural, uma tendência que tem aumentado a qualidade da oferta de empreendimentos na região”, diz Stefan Neuding, CEO da Stan Desenvolvimento Imobiliário. A incorporadora tem dois projetos no local: o luxuoso Praça Henrique Monteiro, assinado pelo arquiteto Arthur Casas; e o Bioarq, do escritório Kröner e Zanutto Arquitetos.

O Praça Henrique Monteiro tornou-se um marco da região por romper, pela primeira vez, a casa dos R$ 30 mil por metro quadrado em Pinheiros. Como anexo, ele abriga o Pulso Hotel, uma hospedagem-butique com gastronomia do Charlô Bistrô. A valorização de seus apartamentos já ultrapassa os 40% desde o lançamento, em 2020.

Outro player na região é a Fraiha Incorporadora, que acaba de lançar, a uma quadra da Rebouças, o projeto 145 Vianna, com 57 apartamentos de 207 a 263 metros quadrados, comercializados, cada um, por R$ 28 mil. Segundo Marcelo Fraiha, CEO da empresa, a expectativa é que a proximidade do polo corporativo siga como um impulsionador de vendas residenciais nos próximos anos.

“A chegada de executivos e de profissionais de multinacionais instaladas na avenida tem fortalecido a demanda por apartamentos de alto padrão acima dos 200 metros quadrados. Isso garante boa liquidez às unidades maiores, além de aumentar a oferta de projetos com o mesmo perfil”, diz Fraiha.

Vale lembrar que a avenida receberá em 2026 um complexo de saúde: a nova unidade do Hospital Infantil Sabará, da incorporadora SDI, em parceria com o escritório Perkins & Will São Paulo, que terá um prédio com 26 pavimentos, 210 leitos e 12 salas cirúrgicas. É esperada a presença diária de cerca de 200 médicos e profissionais de saúde no local, o que também deverá aumentar a demanda por moradia no bairro.

Atenta a isso, a própria Stan está desenvolvendo o projeto residencial Platz 450, no mesmo quarteirão do hospital, com estúdios de 24 metros quadrados a “penthouses” de 179.

Segundo levantamento do Fipezap, esse contexto da região tem impactado o preço dos imóveis residenciais tanto na Rebouças quanto em Pinheiros. O valor do metro quadrado médio para venda na avenida saltou de R$ 10 mil, em 2019, para R$ 26,4 mil neste ano — alta de mais de 160%. Apenas do ano passado para cá, o aumento foi de 21,2%. No bairro, o ritmo do crescimento foi mais moderado: de R$ 12,1 mil para R$ 17,4 mil no período. O preço do metro quadrado de locação em imóveis na via saiu de R$ 35 para R$ 82, em seis anos. Em Pinheiros, de R$ 58 para R$ 94.

EXPATRIADOS

No JFL 125, residencial com serviços no modelo “multifamily”, a busca por apartamentos têm acelerado à medida que novos projetos corporativos são anunciados ou entregues na Rebouças.

“Desde o início da operação do prédio, em 2022, o público majoritário era de empresários de outras cidades ou estados, com negócios na capital paulista, que vinham passar temporadas na cidade”, conta Lucas Cardozo, COO da JFL Realty. “Agora, temos notado um aumento no número de executivos e profissionais expatriados, trazidos à cidade empresas sediadas tanto na Avenida Rebouças quanto na Faria Lima e na Paulista”, afirma Cardozo.

De acordo com ele, cerca de 15% dos 107 apartamentos do prédio, concebido pelo escritório aflalo/gasperini arquitetos, estão ocupados por esse perfil de locatário. “É uma realidade que não existia antes. As reservas por parte de empresas que estão se mudando para a avenida também aumentaram nos últimos meses”, relata o COO.

O JFL 125 conta com unidades de 60 a 431 metros quadrados. O custo médio de locação é de R$ 300 por metro quadrado. A taxa inclui serviços de arrumação e manutenção dos apartamentos, energia, internet e café da manhã diário, assinado por um chef. Em agosto, a ocupação do prédio na Rebouças foi de 86%.

FONTE: VALOR ECONôMICO