Um aumento no custo do capital, por conta do rebaixamento do rating brasileiro pela Standard & Poor’s, pode pressionar incorporadoras a recorrerem à venda de imóveis “no atacado” para gerar caixa e liquidar dívidas, de acordo com especialistas. No outro lado da negociação, investidores estrangeiros podem aproveitar o dólar fortalecido e o momento de baixa no mercado imobiliário para adquirir ativos com preços menores.
“Com o downgrade, o mercado de crédito deve ficar pior ainda, com encarecimento do financiamento de longo prazo, e as empresas mais endividadas precisarão se posicionar”, afirma Evaldo Lima, um dos sócios da gestora de recursos Exxpon. “Muitas incorporadoras têm de quitar dívidas no curto prazo e, se deixarem as obrigações em aberto, o balanço acabará sendo onerado pelas despesas financeiras. A venda de imóveis no atacado é uma solução.”
Lima não acredita, entretanto, que a pressão sobre as incorporadoras desencadeie no curto prazo uma queda abrupta nos preços negociados com fundos e investidores institucionais. Do lado dos compradores, os investidores estrangeiros podem se beneficiar do dólar mais forte para reforçar a posição no mercado brasileiro. Para os especialistas, o rebaixamento do rating brasileiro deve inibir quem não costuma trabalhar com mercados emergentes. No entanto, os fundos e investidores que já observavam as condições brasileiras devem continuar a prospectar negócios no Brasil.
“Na crise, o investidor global que conhece o Brasil e está acostumado com mercados emergentes tem fundamentos para investir no País, pois analisa a perspectiva para daqui alguns anos”, diz Edoardo Dalla Fina, da Colliers.