Alexsandra Tavares
Apesar da restrição de crédito do 'Minha Casa, Minha Vida' e de juros mais altos nas linhas de financiamento dos bancos, a receita do mercado da construção na Grande João Pessoa registrou aumento nominal (sem descontar a inflação) de 7,44% no primeiro semestre deste ano sobre igual período do ano passado. O faturamento atingiu R$ 948,011 milhões em novos imóveis comercializados no semestre, contra R$ 882,329 milhões no ano passado. Já o número de unidades vendidas caiu de 2.751, nos primeiros seis meses do ano passado, para 2.578 imóveis neste ano, uma queda de 6,28% este ano (173 unidades a menos).
Os dados foram consolidados pelo tecnólogo em negócios imobiliários Fábio Henriques, que realizou o levantamento em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP). Segundo ele, a alta da receita em detrimento à retração da quantidade vendida se explica, segundo Henriques, pelo fato de grande parte dos imóveis comprados até junho estarem situados na orla pessoense, área nobre da cidade que detém maior valor agregado.
“Os bairros que registraram maior demanda foram Altiplano, Manaíra, Bessa, Cabo Branco e Tambaú”, contou o tecnólogo. O levantamento apontou que a média do valor dos imóveis vendidos este ano ficou em torno de R$ 367,731 mil, contra R$ 320 mil no ano passado. A taxa de velocidade de vendas dos imóveis novos até junho ficou em 4,36%, o que representa uma queda em relação aos anos anteriores que estavam em taxas entre 7% e 8%.
Segundo Fábio Henriques, o recuo na quantidade de unidades de imóveis vendidos ocorreu por causa da alta dos juros, restrição do crédito no financiamento por parte dos bancos públicos do 'Minha Casa, Minha Vida' neste ano.
O conselheiro fiscal do Sinduscon-JP e vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Irenaldo Quintans, afirmou que este ano houve uma redução no número de lançamentos, mas não foi tão alto do que em outros estados que enfrentaram queda de 20%.
Isso porque tivemos um crescimento racional no mercado pessoense nos últimos anos. Com a perda de poder de compra das pessoas, as construtoras estão mais cautelosas e reduziram o número de lançamentos diante das incertezas do cenário político”, explicou.
Diante da pressão sobre a renda da população por causa da recessão econômica, as construtoras paraibanas estão se adequando ao consumidor da crise. Com isso, a tendência é que os reajustes dos imóveis na Grande João Pessoa sejam menores do que o de anos anteriores, ficando em apenas um dígito em 2015. E para não ter muita perda na margem de lucro, os empresários estão negociando com seus fornecedores para reduzir custos.