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08/01/2018

Valor dos imóveis em Niterói caiu 3,43% em 2017, mostra índice FipeZAP

Ainda de acordo com Serpa Pinto, a tendência é que os lançamentos sejam retomados na cidade, especialmente nessas áreas já consolidadas da Zona Sul.

Quem investiu no mercado imobiliário em 2017 como um ano para esquecer. Segundo informações do índice FipeZAP — que acompanha o preço de venda dos imóveis em Niterói e outras 19 cidades nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste —, o valor do metro quadrado em apartamentos sofreu uma redução expressiva, com o segundo pior desempenho entre os municípios medidos. A queda de 3,43% em Niterói só ficou abaixo da do Rio de Janeiro, que teve perda de 4,45% no ano passado. Após um período com desempenho ruim, o mercado imobiliário prepara a volta dos lançamentos para este ano.

Segundo o levantamento, o metro quadrado de um apartamento pronto — imóvel novo adquirido por seu primeiro comprador — custava R$ 7.225 no final do ano passado, R$ 209 menos do que os R$ 7.434 praticados em dezembro de 2016. Todos os meses de 2017 registraram resultados negativos. O pior foi fevereiro, quando os preços caíram 0,87%. Em junho ocorreu a queda mais branda, de 0,01%.

Segundo Bruno Serpa Pinto, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-Niterói), a queda nos preços nos últimos anos inibiu o lançamento de novos empreendimentos, que devem ser retomados a partir do segundo trimestre deste ano.

— O cenário de mercado em 2017 foi muito duro do ponto de vista do empreendedor. Mas foi muito benéfico para o consumidor, que teve a oportunidade de comprar imóveis abaixo do preço de custo. No primeiro trimestre, o consumidor vai ter ainda algumas unidades com esse patamar do ano passado. Já no segundo trimestre, com os estoques baixíssimos, inicia-se um novo ciclo de lançamentos, e a baixa oferta deve fazer os preços subirem — afirma o representante do setor.

Charitas continua a ser o bairro mais caro de Niterói. Segundo dados do índice FipeZAP, o metro quadrado custa R$ 9.126. Em seguida vem Boa Viagem, com R$ 8.800 por metro quadrado. Os outros bairros que se destacam nesse quesito também ficam na Zona Sul: o terceiro lugar fica com o Gragoatá (R$ 8.534); seguido por São Francisco (R$ 8.478). Bairro com o maior número de imóveis na cidade, Icaraí tem o quinto maior preço médio para residências, de R$ 7.746.

Ainda de acordo com Serpa Pinto, a tendência é que os lançamentos sejam retomados na cidade, especialmente nessas áreas já consolidadas da Zona Sul.

— Existe a tendência muito forte para lançamentos nos perfis de apartamentos compactos. Esse imóvel também serve para o investidor, já que tem os melhores índices de rentabilidade para o aluguel. O apartamento mais bem avaliado no AirBNB (site de locação de imóveis para temporada ) fica no London Residences, na Praia em Icaraí, que tem exatamente esse perfil — diz.

Se os maiores preços ficam concentrados em apenas uma região, os imóveis mais baratos estão distribuídos em vários pontos da cidade. O menor valor médio para o metro quadrado em Niterói é encontrado no Fonseca, na Zona Norte, com um custo de R$ 4.125. Em seguida vem Maria Paula, em Pendotiba, com R$ 4.214. Maceió, também na região de Pendotiba, vem logo depois, com R$ 4.655. Depois, Barreto (R$ 4.993) e Bairro de Fátima (R$ 5.154).

Para o economista Roberto Simonard, professor da ESPM Rio, a redução no valor dos imóveis no Grande Rio como um todo, e em Niterói em particular, é o resultado de um ajuste promovido pelo mercado depois de anos seguidos de intensa valorização, motivada principalmente pelo ciclo de megaeventos na capital, encerrado em 2016 com a Olimpíada. Ele avalia que a região vive uma “tempestade perfeita” que agrava a situação no mercado imobiliário.

— A Região Metropolitana do Rio, por conta dos megaeventos, viveu um ciclo de alta fora da realidade. Niterói é uma área nobre na região e acompanhou essa subida brusca. Agora temos uma tempestade perfeita que reverteu o movimento especulativo anterior, atingido por três crises distintas. A do Brasil, que afeta a todos; a do governo do estado, com consequências em segurança, educação e saúde; e a do petróleo, do qual o Rio é vítima — explica Simonard.

Ainda segundo o economista, a tendência é que a queda nos preços continue em 2018, pelo menos nos primeiros meses do ano.

— Vai ter uma acomodação de mercado. Tanto a subida anterior quanto essa queda não são muito naturais, são fenômenos específicos na economia. A tendência é que os preços caiam um pouco mais antes de se estabilizarem — avalia.

Assim como os preços para venda, o valor dos aluguéis também deve fechar 2017 com perdas expressivas. De acordo com dados do portal ZAP Imóveis, entre janeiro e novembro do ano passado o custo do metro quadro para locação teve queda de 6,27% em Niterói. Assim como ocorreu nas vendas, apenas o Rio de Janeiro teve um desempenho pior, com redução de 8,81% no período analisado. No caso da locação, após perdas fortes no primeiro trimestre de 2017, os preços se estabilizaram no segundo trimestre. A partir de julho, o ritmo de redução se acelerou, com perdas de mais de 1% ao mês até o fim de novembro.

FONTE: O GLOBO