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29/11/2016

Títulos públicos devem voltar a trazer bons retornos ano que vem

A tendência, entretanto, é de melhora para 2017.

Enquanto os títulos de dívida pública tiveram uma boa performance em 2016, o ano não foi dos melhores para os recebíveis privados, repetindo um pouco do cenário já visto em 2015. "Com a recessão econômica e o elevado patamar dos juros, as empresas evitaram emitir títulos de dívida", afirma Carlos Fagundes, sócio da Integral Investimentos. Segundo dados da Cetip, as emissões de debêntures recuaram 24,8% na comparação entre o terceiro trimestre de 2015 e o de 2016, atingindo o volume de 14,21 bilhões de reais. A tendência, entretanto, é de melhora para 2017. "Com a expectativa de recuperação da economia, estão previstas novas emissões e com prêmios superiores", projeta Fagundes.

O destaque do ano entre os títulos privados foram os investimentos isentos de imposto de renda para pessoa física. Antes oferecidos para clientes de alta renda, as Letras do Crédito Agrícola (LCA), as Letras do Crédito Imobiliário (LCI), os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA) já se popularizaram entre os clientes que buscavam uma alternativa melhor aos investimentos tradicionais. Exceto nesses casos, todo investimento de renda fixa leva uma mordida do Leão. O imposto de renda pode variar de 15% a 22,5% sobre o rendimento, de acordo com o tempo em que o dinheiro fica aplicado.

As LCIs e LCAs, entretanto, são consideradas menos arriscadas, pois estão asseguradas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Por serem mais arriscados, os CRIs e os CRAs acabam pagando prêmios maiores e atraindo mais investidores. Enquanto a remuneração das letras ficou em torno de 90% do CDI em 2016, a dos certificados passou os 100% do CDI. "Muitos acabam migrando das letras para os certificados, mas é preciso ficar atento à qualidade dos ativos e dos emissores, e não apenas aos retornos. Não existe almoço grátis", alerta Leonardo Bortolo, sócio da consultoria Aditus. Ao investir em um CRI, portanto, é preciso avaliar os empreendimentos imobiliários que compõem o ativo para analisar corretamente os riscos. No caso do CRA, deve-se avaliar a qualidade do crédito agrícola. Em ambos os casos, aconselha-se procurar um especialista.

Segundo dados da Cetip, o estoque de CRIs atingiu 65,51 bilhões de reais no terceiro trimestre do ano, uma alta de 11,7% em comparação ao mesmo período de 2015. Já o de CRAs triplicou nesse intervalo, atingindo 11,74 bilhões. O desempenho superior dos recebíveis de crédito agrícola em relação ao imobiliário é justificado pela própria dinâmica desses mercados. "Os ativos imobiliários em carteira estão depreciados em cerca de 20% este ano. Há uma perspectiva de recuperação dos preços de reposição dos imóveis corporativos já no primeiro semestre de 2017, conforme a economia for melhorando. Nesse sentido, investir em recebíveis imobiliários pode trazer retornos bem atraentes", analisa Fagundes, da Integral. Já o crédito agrícola se recuperou em relação ao ano passado acompanhando o desempenho das commodities no mercado internacional.

O estoque de LCAs cresceu 19,5%, enquanto que o das LCIs apenas 3,4% no período. Do ponto de vista das emissões, a desaceleração do mercado imobiliário fica um pouco mais visível. Segundo informações da Cetip, o registro de LCIs encolheu 5,3% entre o terceiro trimestre de 2015 e o de 2016.  

FONTE: DCI