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12/12/2017

Setor da construção civil cai 6% e demite 105 mil em 2017

No acumulado da crise iniciada em 2014, o setor já fechou cerca de 1 milhão de postos de trabalho.

Enquanto a economia brasileira dá sinais de reação, a construção civil e o mercado imobiliário encerram mais um ano em queda. O setor caiu 6% neste ano, segundo balanço da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) divulgado nesta segunda-feira. 
 
Os empregos formais da construção devem fechar o ano com menos 105 mil vagas, segundo o relatório, o que representa um saldo negativo de 5% do seu estoque de trabalhadores. No acumulado da crise iniciada em 2014, o setor já fechou cerca de 1 milhão de postos de trabalho. 
 
Setor que representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a construção civil impactará a economia em 0,5% negativo em 2017, no terceiro ano consecutivo de retração, de acordo com os dados da Cbic. 
 
Em 2017, o mercado imobiliário manteve tendência de queda. No terceiro trimestre as vendas de imóveis caíram 5,1% e os lançamentos diminuíram 11% em comparação com o segundo trimestre deste ano. Esta tendência vem se mantendo ao longo do ano, segundo a Cbic. 
 
Estudo da indústria indica que de janeiro a setembro de 2017, as vendas em unidades registram queda de 1,5% em relação ao acumulado do ano anterior, enquanto que os lançamentos imobiliários, por sua vez, recuaram 8,6%. 
 
O estudo da Cbic apurou ainda que as vendas no terceiro trimestre deste ano superaram os lançamentos em 5.202 unidades. A maior procura (55%) está nas unidades com dois dormitórios. 
 
Apesar dos números continuarem em queda em 2017, o presidente da Cbic, José Carlos Martins, a expectativa para 2018 é de retomada do investimento e o restabelecimento do crédito para reaquecer o setor. 
 
— Nós estamos acreditando em 2018, muito mais pela necessidade que o país tem da gente, do que por esses números — disse. 
 
Para garantir crescimento no próximo ano, a entidade defende uma solução imediata para a Caixa, principal banco que financia a habitação no país, restabelecer as linhas de crédito. Martins também avalia que a ampliação dos investimentos em infraestrutura, em projetos de concessões e parcerias público-privadas e a melhoria no ambiente de negócios, com novas iniciativas voltadas à segurança jurídica, como a regulamentação do distrato, são necessários que o setor volte a crescer e gerar empregos. 
 
— Ninguém está pedindo dinheiro, só estamos pedindo soluções para que a coisa volte a fluir — pontua. 
 
Reajuste no preço do asfalto - A Cbic aproveitou a divulgação dos dados para reclamar de novas regras de preços do asfalto cobrados pela Petrobras. A estatal informou às construtoras que, a partir de janeiro, o preço do asfalto terá revisões mensais, assim como funciona hoje com a gasolina, com o objetivo de equilibrar os preços internos com os praticados no exterior. Com a mudanças, as empresas da construção querem repassar os custos extras para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela contratação das obras. 
 
Nos quatro primeiros meses, o preço poderá ser reajustado em até 8% e, a partir daí, em 12% a cada mês, segundo a Cbic. O presidente da comissão de infraestrutura da Cbic, Carlos Eduardo Lima Jorge, afirma que isso levará a um desequilíbrio financeiro nos contratos de obras já firmados, já que a revisão é feita a cada 12 meses. Segundo ele, o asfalto representa cerca de 40% dos custos de uma obra rodoviária. 
 
— Nenhum contrato vai se equilibrar com ajustes mensais da Petrobras — disse Lima.  

FONTE: O GLOBO