A decisão, unânime entre os nove diretores do Copom, já era esperada pelo mercado, que agora concentra atenções no novo ciclo de política monetária previsto para o início de 2026.
A manutenção da Selic tem efeitos diretos sobre o crédito e sobre o setor imobiliário, especialmente no financiamento habitacional. Segundo José Anchieta Filho, presidente da ABRAINC, o patamar elevado de juros limita a atividade econômica, reduz a geração de empregos e afasta milhares de famílias do sonho da casa própria. Ele lembra que, nos últimos cinco anos, o encarecimento do crédito excluiu cerca de 800 mil famílias do financiamento de imóveis de R$ 500 mil, reduzindo em 50% o público elegível. Na direção oposta, cada ponto percentual de queda dos juros permitiria incluir, em média, 160 mil famílias no crédito imobiliário.
Os dados recentes reforçam o argumento de que há espaço para cortes. O IPCA acumulado em 12 meses voltou ao limite da meta de inflação, alcançando 4,46%, o menor resultado para novembro desde 2018. A atividade econômica também mostra desaceleração: o PIB cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre, enquanto a criação de empregos formais perdeu força. O saldo de vagas em outubro foi de 85 mil, bem abaixo dos meses anteriores. No acumulado de 12 meses, o país gerou 1,35 milhão de postos de trabalho - resultado inferior ao observado no período imediatamente anterior, sinalizando perda de dinamismo.
Para Anchieta Filho, a combinação de inflação dentro da meta, atividade moderada e emprego em ritmo mais fraco torna o momento oportuno para iniciar reduções na taxa básica de juros. A expectativa do mercado é de que o movimento comece no primeiro trimestre de 2026, abrindo espaço para aliviar o custo do crédito, ampliar o acesso ao financiamento habitacional, impulsionar setores produtivos e apoiar a retomada do crescimento.