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23/09/2021

Selic: conheça o histórico e o seu impacto na economia

Selic é o principal instrumento para controlar a inflação e impacta de empréstimos a investimentos

meta da taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), em reuniões realizadas a cada 45 dias que visam decidir as diretrizes da política monetária do Brasil. O mercado financeiro e as empresas têm uma atenção especial para o comportamento da taxa, pois suas altas e baixas impactam diretamente a economia. Considerada a taxa básica de juros, a Selic é o principal instrumento de controle da inflação. O índice é utilizado para calcular os rendimentos de operações do governo federal, como o Tesouro Direto; os empréstimos e financiamentos de bancos e instituições financeiras; e ainda funciona como parâmetro para medir o custo de oportunidade de um investimento.

Apesar de não ser possível investir diretamente na taxa, o índice é utilizado como referência para diversos ativos. Portanto, acompanhar e entender as suas variações pode ajudar a identificar oportunidades de investimentos.

Entre as opções de ativos influenciados pela taxa, estão os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), Letra Financeira do Tesouro Nacional, além de Certificado de Depósito Bancário (CDB), fundos de renda fixa ou multimercado atrelados à Selic ou ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

‌Quando a taxa Selic foi criada?

As metas da taxa Selic são definidas pelo Copom, órgão ligado ao Banco Central do Brasil. (Fonte: Governo do Brasil/Reprodução)

O Selic foi criado em 1979 pelo Banco Central do Brasil e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto, com o objetivo de tornar as negociações de títulos públicos mais seguras e transparentes.

Até então, o registro das negociações de títulos públicos era realizado de forma manual. Com a criação do sistema, a emissão de títulos e cheques em papel se transformaram em registros eletrônicos, permitindo que as operações fossem concluídas no mesmo dia em que eram realizadas.

Essa infraestrutura do mercado financeiro, administrada pelo BC, movimenta mais de R$ 100 bilhões diariamente e funciona como instrumento de controle das reservas bancárias. O sistema evita a finalização de operações em casos de inadimplência de uma das partes envolvidas na negociação. Com a popularização do instrumento, a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados ficou conhecida como Selic.

Em 1996, foi criado o sistema de banda de juros, que coexistiu com a Selic como parâmetro para a economia brasileira. Esse índice foi extinto pelo BC em 1999 e foi substituído pela taxa Selic com as características de hoje: a definição de metas pelo Copom e a indicação de tendências de altas ou baixas.

As maiores taxas da história

A maior taxa Selic da história foi registrada em 1989, período em que a economia brasileira sofreu com a hiperinflação. Em 2 de fevereiro daquele ano, o índice apurado no dia foi de 3,626%. A maior Selic acumulada em 12 meses foi registrada no dia 26 de dezembro, quando a taxa composta atingiu 115.334,03%.

Durante o Plano Real, o período com a taxa Selic mais alta foi registrada em novembro de 1997, quando esteve no patamar de 45,90% ao ano. Na época, o Banco Central do Brasil resolveu elevar os juros para compensar as aceleradas desvalorizações cambiais e, assim, manter o interesse de investidores internacionais nos títulos de dívida pública.

Os menores patamares da Selic

A menor taxa Selic da história foi registrada entre agosto de 2020 e março de 2021, quando o índice ficou no patamar de 1,90% ao ano. Nesse período, o Copom estabeleceu uma meta de 2% ao ano para tentar estimular a economia em meio à crise provocada pelo coronavírus. Com o avanço da vacinação e o início da retomada econômica, o Copom tem sinalizado o fim da baixa e uma tendência na alta dos juros.

Como a Selic afeta a economia?

As flutuações da taxa Selic têm um impacto direto no controle da inflação por conta da sua relação com a oferta de crédito e, por consequência, com o nível de consumo no País.

Os juros altos dificultam a obtenção de crédito pessoal e financiamento, bem como impactam nas taxas cobradas pelos cartões de crédito e reduzem as compras parceladas. Dessa forma, o consumo tende a diminuir, em especial com relação a mercadorias e serviços, gerando um desaquecimento da economia e enfraquecendo uma tendência de alta inflacionária.

Por sua vez, os juros menores têm um efeito inverso. O setor imobiliário é um dos setores mais beneficiados nesse cenário, pois os financiamentos facilitam a compra de imóveis. Isso estimula também a geração de empregos, em um ciclo que se completa com mais consumo e crescimento da economia como um todo.

No caso dos investimentos, uma Selic menor deixa as aplicações de renda fixa menos atrativas. A poupança, por exemplo, tornou-se uma das piores aplicações em termos de rentabilidade por conta do menor patamar do índice. Nesse cenário, os investidores costumam migrar as aplicações para renda variável que podem oferecer maiores ganhos. Com a taxa básica de juros em alta, o movimento se inverte.

Outro impacto das oscilações da Selic na economia está relacionado ao mercado cambial. Com uma taxa mais alta, investidores estrangeiros são atraídos pelo maior rendimento dos títulos públicos. A maior circulação de dólar contribui para a valorização do real.

FONTE: UOL